A quarta-feira acordou com as ondas de choque de uma realidade que o futebol europeu pensava estar enterrada no passado: o hooliganismo. Não está. Pelo menos na Sérvia, não está. Por isso os adeptos mais radicais aproveitaram a viagem a Itália para espalhar a confusão e a violência pela cidade de Génova.

Djuricic, guarda-redes da U. Leiria, viveu por dentro tudo o que aconteceu em Itália. Acabado de chegar ao Aeroporto de Lisboa, respirou de alívio quando falou com o Maisfutebol. «Estou em liberdade», atirou. «Finalmente posso sentir-me aliviado por pisar o solo de um país onde sei que estou em segurança.»

O internacional sérvio esteve em Génova, ele que era suplente no jogo que só durou seis minutos por causa do motim nas bancadas. A violência, conta ainda nervoso, começou muito antes. «Se não fôssemos nós, o Stojkovic estava morto agora. Se não fossem os jogadores a protegê-lo dos adeptos, teria morrido.»

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«Atearam fogo à entrada do hotel, apedrejaram o autocarro, conseguiram entrar dentro do autocarro e dirigiram-se ao Stojkovic para o agredir. Se não nos metêssemos à frente dele, tinham-no matado», adianta o guardião, ele que é o primeiro a dizer que «os sérvios são loucos». «Na Sérvia tudo é possível. É gente maluca.»

Na ressaca da noite de violência, dezassete adeptos foram presos, incluindo o líder da claque Tigres de Arkán. Este porém é um fenómeno que não se encerra facilmente. «O hooliganismo é um problema grave na Sérvia», diz Obradovic, também ele sérvio da U. Leiria. «Há muitos hooligans no Partizan e no Estrela Vermelha.»

«O que se passou tem a ver com Stojkovic e a Europa»

Obradovic diz de resto que o que se passou em Génova não tem só a ver com Stojkovic. «Por um lado tem a ver com ele, sim, que foi formado no Estrela Vermelha, disse que nunca jogaria no Partizan e agora assinou pelo Partizan. Os adeptos radicais do Estrela Vermelha não lhe perdoam e querem matá-lo.»

Mas por outro lado, acrescenta Obradovic, «tem a ver com a União Europeia». «Quem fez aquilo são os mesmos pessoas que agrediram os manifestantes na Gay Parade de Belgrado, no domingo. São radicais de extrema-direita, que defendem o nacionalismo e não querem a Sérvia entre na União Europeia.»

Pessoas muito violentas, que continuam a organizar-se em claques de futebol e que vivem para espalhar a violência. «Na Sérvia há pessoas muito malucas, que vivem para agredir e matar.» Djuricic vai mais longe. «Enquanto isto se mantiver, não jogo mais pela selecção. Na Sérvia não é seguro sequer sair à rua.»

Veja as imagens de violência em Génova: