22 homens reunidos no Estádio Britânico, em Lviv. Uns de camisola branca e longos calções cinzentos, os outros todos de vermelho. Os visitantes vinham de Cracóvia, a mais de 100 quilómetros. Em 1894 era uma odisseia aparentemente interminável.

«Nunca se jogara futebol na Ucrânia. Ninguém conhecia muito bem as regras, apenas que não se podia dar pontapés no adversário do pescoço para cima», explica ao Maisfutebol a guia-intérprete Anastasiya Shamotko, inestimável colaboradora nesta viagem pelo Euro2012.

A Ucrânia presenteia os visitantes com relatos e imagens incomuns. Este é delicioso. O tal jogo, o primeiro em solo deste país onde Portugal faz os três primeiros jogos, termina de uma forma absolutamente insólita.

Kharkiv: a cidade de um só homem

«Os relatos do jornal Gazeta Lwowska explicam que aos seis minutos houve um golo. A loucura foi tão grande que o rapaz que o conseguiu marcar pegou na bola e desapareceu do campo. A equipa foi atrás dele, claro».

O autor deste feito heroico ficou imortalizado numa placa que assinala a efeméride. Chamava-se Volodymyr Khomytsky, tinha 16 anos, era estudante na Universidade Pedagógica de Lviv e jamais foi esquecido nesta cidade.

Volodimyr tornou-se professor de educação física e faleceu em 1953.

«Para as pessoas de hoje isto parece impossível, mas lembrem-se que nenhuma das equipas sabia bem o que era o futebol», acrescenta a nossa guia ucraniana.

A narrativa tem outra versão, pouco suportada pelos factos descritos na imprensa da época.

«Há quem diga que o jogo acabou porque a seguir havia uma competição de ginástica no campo e não havia tempo para mais. Pessoalmente, creio que a primeira versão é a real. E a mais engraçada também».

Portugal fez os dois primeiros jogos em Lviv, muito perto deste chão sagrado, e estará domingo em Kharkiv.