Há vida para lá de Cristiano Ronaldo. Segundo jogo sem o capitão e segunda vitória na Liga das Nações, com Portugal a ficar já com o apuramento para as meias-finais à vista [se a Polónia e Itália empatarem no próximo domingo, Portugal garante desde já o primeiro lugar do Grupo 3]. Uma boa exibição da Seleção Nacional assente no coletivo, com uma equipa personalizada, a reagir muito bem ao primeiro golo dos polacos. A equipa de Fernando Santos tomou conta do jogo, roubou a bola aos polacos e virou o resultado antes do intervalo. Já na segunda parte, Bernardo Silva aumentou a vantagem portuguesa, com os três Silvas da frente a estarem nos três golos portugueses.

Confira a FICHA DO JOGO

Fernando Santos, que esta quinta-feira completou quatro anos à frente da Seleção, um dia depois de ter festejado 64 anos, repetiu praticamente o mesmo onze que tinha vencido a Itália, no Estádio da Luz, lançando apenas Rafa, que tinha sido chamado para render Gonçalo Guedes, para o lugar de Bruma que ficou fora deste jogo devido a problemas intestinais. Um onze que, desde logo, contrastava com o adversário em termos físicos, com os polacos bem mais possantes e com mais centímetros do que os portugueses.

Depois da fase habitual de estudo, Portugal começava a impor o seu jogo, com mais posse de bola, quando aos 18 minutos, consentiu um golo de bola parada. Canto da direita de Kurzawa, com Piatek a marcar de cabeça junto ao segundo poste. Rui Patrício ainda tentou chegou à bola, mas ficou a queixar-se de uma alegada obstrução de Lewandowski. Um golo que levou Portugal a aumentar o ritmo de jogo e a assumir definitivamente o controlo do jogo, com William e Rúben Neves a encherem a zona central do meio-campo e a libertarem Pizzi para o apoio ao ataque.

O médio do Benfica descaiu preferencialmente para a direita, por onde a seleção conseguia maior profundidade, com Bernardo Silva e João Cancelo ligados à corrente nessa ala. O lado esquerdo, com Mário Rui e Rafa Silva funcionava mais a espaços, mas a verdade é que os polacos, nesta altura, andavam a correr atrás da bola, que os portugueses iam trocando. Depois de uma primeira ameaça de Rafa que, em posição irregular, colocou a bola na baliza polaca, Portugal chegou mesmo ao empate, aos 32 minutos, com a ala direita a dar rendimento. Cancelo lançou Pizzi para a linha de fundo e o médio cruzou tenso para o desvio subtil de André Silva [14º golo pela seleção]. Simples e eficaz.

Era o melhor período de Portugal, com uma elevada posse de bola e boas movimentações a abrir brechas na defesa polaca, quase sempre pela direita, muitas vezes pelos pés de Cancelo. Mas o golo da reviravolta foi criado bem mais atrás, nos pés de Rúben Neves que, com um pontapé bem medido, lançou Rafa para o interior da área. O médio do Benfica, depois de uma grande receção, preparava-se para marcar à meia volta, quando Glick surgiu em carrinho a tirar o pão da boca a Rafa, mas a desviar a bola para as redes de Fabianski. Estava concretizada a reviravolta mesmo antes do intervalo.

Se Portugal acabou bem a primeira parte, entrou ainda melhor para a segunda. A bola rodava graciosa pelo relvado, quase sempre bem tratada, com onze polacos perdidos, sem conseguirem encontrar forma de responder à boa circulação dos portugueses. Quando tentaram acertar nas marcações esqueceram-se de Bernardo Silva que foi por ali fora, da direita para a esquerda, até encontrar uma nesga com que surpreendeu Fabianski. 3-1!

O jogo começava a encaminhar-se para uma goleada, mas o selecionador polaco, com uma boa leitura de jogo, ainda conseguiu equilibrar a contenda, com duas alterações de uma assentada. Blaszczykowski, também conhecido por Kuba, e Grosicki trouxeram maior estabilidade à equipa polaca, numa altura em que Portugal procurava manter o controlo do jogo, mas com menos vertigem no ataque.

Portugal parecia ter o jogo controlado, mas ainda consentiu um golo, aos 77 minutos, marcado precisamente por Kuba. Um golo com alguma polémica, uma vez que tem origem numa iniciativa de Bereszynski sobre a direita. O lateral ao passar por Mário Rui deixou a bola escapar pela linha lateral, mas o auxiliar não viu, o jogo prosseguiu, Pepe ainda cortou, mas Kuba acabou mesmo por marcar.

Um golo que acordou as bancadas bem preenchidas do Estádio Silesien que deram um novo alento à Polónia que ainda carregou com tudo o que tinha. Mas a verdade é que, até ao final, Portugal contou com mais três oportunidades soberanas para marcar, duas de Renato Sanches e uma última, mesmo com o jogo a acabar, de Bruno Fernandes.

Uma vitória merecida que deixa Portugal em excelente posição para se qualificar para as meias-finais desta nova competição. Com seis pontos em dois jogos, Portugal pode, inclusive, qualificar-se já no próximo domingo caso a Polónia e a Itália empatem.