Quem de 30 escolhe 23 fica sem sete: tudo sem surpresas?

De fora – e a prever qualquer eventualidade que afete um dos 23 até 2 de junho – ficarão sete jogadores – como têm feito vários outros selecionadores nacionais. Paulo Bento terá tudo previsto quer para disputar o Mundial com o grupo que considera mais forte, como para fazer desta prova já um processo para aqueles jogadores que do Brasil só ouvirão falar e cujo percurso na Seleção está reservado para mais tarde.

Isto quer dizer que não haverá surpresas? Só Paulo Bento pode responder, claro. Mas a lista entretanto por excesso não deixa de suscitar comentários entre os que não se esperava ver neste grupo e os que, pelo contrário, se contava ter.

A lista de trinta jogadores ficou dividida entre quatro guarda-redes, nove defesas, sete médios e 10 avançados:

Guarda-redes

Anthony Lopes (Lyon)
Já foi chamado por Paulo Bento, mas nunca fez a primeira internacionalização.
O guarda-redes do Lyon tem 48 jogos nesta época pela equipa francesa sendo 31 na liga gaulesa.

Beto (Sevilha)
Tem 6 internacionalizações. O guarda-redes do Sevilha fará nesta quarta-feira o 45º jogo da temporada na final da Liga Europa frente ao Benfica. No banco da Seleção vão sentar-se todos os suplentes, mas Beto deverá ser o «suplente garantido» de Rui Patrício.

Eduardo (SC Braga)
O dono da baliza do Braga (em 39 jogos nesta época) tem consigo a experiência das 31 internacionalizações que cimentou no seu período de titular da baliza portuguesa, que defendeu no último Campeonato do Mundo.

Rui Patrício (Sporting)
Foi lançado na Seleção por Paulo Bento e é o dono da baliza portuguesa. As suas 29 internacionalizações tiveram como ponto mais alto a defesa da baliza nacional na última grande competição de seleções: o Euro 2012. Tem 24 jogos nesta temporada.

Defesas

André Almeida (Benfica)
As duas internacionalizações que tem foram-lhe dadas por Paulo Bento (Israel e Luxemburgo, na fase de qualificação de grupos). No Benfica tem sido titular eleito por Jorge Jesus. Do total de 24 jogos utilizado, foi assim nos últimos cinco jogos da Liga e nas duas mãos da meia-final da Liga Europa com a Juventus.

Antunes (Málaga)
Tem oito jogos pela Seleção. A sua última presença em campo foi na segunda mão do play-off com a Suécia. Na fase de grupos jogou duas vezes e ficou outras tantas no banco. Fez 37 jogos nas provas espanholas.

Bruno Alves (Fenerbahçe)
Das suas 70 internacionalizações, as últimas dez foram no apuramento de Portugal para o Campeonato do Mundo: oito na fase de grupos e mais duas com a Suécia. Tem o Mundial 2010 e os Euros 2008 e 2012 no currículo. Fez 30 jogos na Turquia.

Fábio Coentrão (Real Madrid)
O jogador do Real Madrid só não saberá quem será o seu suplente. Tem 43 jogos por Portugal e já passou pelos últimos europeus e Mundial. Só fez 22 jogos pelo Real Madrid, com a maioria das convocatórias na segunda metade da época.

João Pereira (Valência)
Paulo Bento deu-lhe a titularidade na sua chamada de estreia na Seleção (frente à Dinamarca, em 2010). Até hoje, com o Euro 2012 pelo meio dos 34 jogos na Seleção. Jogou 37 partidas pelo clube.

Neto (Zenit)
Foi duas vezes titular na campanha portuguesa para o Brasil. Tem seis internacionalizações. A sua luta é com Bruno Alves para discutir o lado a lado com Pepe. No Zenit, foi habitual titular ao longo de 33 partidas.

Pepe (Real Madrid)
São já 57 os jogos que fez por Portugal, de cuja defesa é o patrão. Passou por três fases finais de competições de seleções. Já leva 48 jogos nas pernas e está a ser poupado para tentar jogar a final da Champions.

Ricardo Costa (Valência)
Tem apenas 17 internacionalizações, mas já veste a camisola principal da Seleção desde 2005. Como frequente primeira escolha para a segunda linha, Já esteve em dois mundiais; nunca esteve num Europeu. Várias paragens – uma delas de um mês – não o deixaram fazer mais de 32 jogos.

Rolando (Inter)
São 19 as suas internacionalizações. Teve o seu momento mais alto na Seleção no Euro 2012. Depois desta competição, só voltou a ser chamado no último jogo da Seleção, os 5-1 frente aos Camarões, em março. Começou a época italiana no banco, mas disparou para a titularidade em 29 ocasiões na liga italiana.

Médios

André Gomes (Benfica)
É um dos que foi convocado pela primeira vez para a Seleção nas campanhas de Paulo Bento, mas nunca jogou. O final da época que está a fazer pode ser decisivo, a contar já com a final da Liga Europa desta quarta-feira. Jogou 21 vezes em todas as competições envolvendo o Benfica, com destaque para o final da época, pois na primeira volta passou oito vezes pela equipa B.

João Mário (Vitória FC)
É a estreia absoluta desta lista de 30 jogadores. Nesta altura, está convocado para o jogo do próximo dia 23 onde os sub-21 portugueses podem carimbar a presença no play-off de apuramento para fase final do Europeu da categoria, em 2015. Jogou 13 vezes pelo sporting B, jogou 16 vezes pelo V. Setúbal.

João Moutinho (Mónaco)
São 66 internacionalizações. E a participação em todos os jogos da qualificação: fase de grupos e play-off. Tem dois Euros no currículo, mas não foi ao Mundial 2010. A sua regularidade deu-lhe 33 jogos em França.

Miguel Veloso (D. Kiev)
Como Moutinho, esteve em todos os jogos da qualificação desta campanha. Tem menos 20 jogos pela Seleção que Moutinho, mas, além dos Europeus, foi à África do Sul. Na Ucrânia, jogou 30 vezes.

Raul Meireles (Fenerbahçe)
É mais um jogador do núcleo da Seleção. São 73 as internacionalizações que vêm desde 2006 e se fizeram entre três fases finais de grandes competições. Não foi esta época – marcada por uma lesão prolongada – além das 24 partidas.

Rúben Amorim (Benfica)
Tem 10 jogos pela Seleção. Um deles foi nesta campanha. O último foi já em setembro do ano passado. O momento do Benfica (e o seu) podem ser decisivos nesta altura. Chega ao fim da temporada com 35 jogos em que foi utilizado por Jorge Jesus.

William Carvalho (Sporting)
Como uma das revelações da Liga, estreou-se na Seleção no último jogo onde foi conseguido o apuramento. Voltou a ser chamado logo no seguinte (e último) frente aos Camarões. Falhou apenas um jogo na Liga e fez ainda mais quatro nas taças portuguesas.

Avançados

Cristiano Ronaldo (Real Madrid)
O capitão de Portugal é o melhor jogador do mundo. Está com 110 jogos pela Seleção a caminho de ser o jogador português mais internacional de sempre. Estreou-se nas grandes competições no Euro 2004. A quantidade de jogos que costuma fazer está a ser afetada por algumas lesões – como a atual – cifrando-se nas 48 partidas.

Éder (SC Braga)
Tem sete internacionalizações. Quatro delas foram conseguidas nesta campanha (entre também sete chamadas). Desde que a campanha começou em 2012 até ao último jogo da fase de grupos em outubro do ano passado. A operação feita ao pé deixou-o mais de quatro meses fora dos relvados e apenas fez 16 jogos.

Hélder Postiga (Lazio)
Mais um jogador com 66 jogos pela Seleção, que vêm desde 2003. Tme menos uma fase final do que Ronaldo. Falhou o Mundial 2010. Entre Espanha e Itália realizou 28 jogos, com a passagem pela Lazio bem mais acidentada. Começou a etapa em Roma lesionado e termina a época italiana também.

Hugo Almeida (Besiktas)
É o outro ponta de lança com lugar certo para Paulo Bento. Tem 53 jogos por Portugal. As passagens foram pelos Euros 2008 e 2012 e pelo Mundial 2010. Esteve em 30 jornadas da liga turca.

Ivan Cavaleiro (Benfica)
Está entre as duas dezenas de jogadores estreados na Seleção por Paulo Bento; precisamente no último jogo, com os Camarões. Como João Mário, o seu trajeto já tem marca é nos sub-21. Dividiu a época entre a equipa principal (19 jogos) e a equipa B do Benfica (18).

Nani (Manchester United)
São 72 jogos com a camisola de Portugal. E foram oito jogos na fase de grupos e os dois do play-off. Esteve cerca de quatro meses lesionado. Só fez 13 jogos pelo United.

Rafa (SC Braga)
Com uma internacionalização, está exatamente no mesmo quadro de Ivan Cavaleiro. Um início de época de rompante levou-o para três dezenas de jogos pela equipa principal.

Ricardo Quaresma (FC Porto)
Fez o último jogo pela Seleção antes do Euro 2012. Voltou a ser chamado com o novo fôlego ganho no regresso ao FC Porto. Já somou 35 jogos pela Seleção. Chegou a meio da época e mostrou a sua importância no Dragão fazendo 24 jogos.

Varela (FC Porto)
Tem 21 internacionalizações, sete nesta fase de qualificação. Não esteve no play-off, voltou para o último jogo com os Camarões. Regularizou a presença na seleção desde 2012. Muito utilizado, esteve em 48 partidas dos dragões.

Vieirinha (Wolfsburgo)
É o último desta lista que se estrou pelas escolhas de Paulo Bento. Tem seis jogos e fê-los entre março e setembro de 2013; entre quatro da fase de grupos e dois particulares. Uma lesão grave que lhe atravessou a época deixou-o apenas fazer 14 jogos.

Algumas lesões

Uma surpresa pela presença de João Mário poderá contrastar com uma mesma surpresa pela ausência de Adrien Silva, que até fez mais quatro jogos, e tendo em conta a visibilidade que os dois foram recebendo ao longo da época – não esquecendo a qualidade que foi reconhecida quer a um quer a outro

Ambos os jogadores referidos são do Sporting, mas foi o que saiu da equipa B a meio da época para ser emprestado que entrou em estreia numa pré-convocatória para um Mundial. João Mário fez toda a segunda volta ao serviço do V. Setúbal e, depois da estreia a suplente, José Couceiro deu-lhe a titularidades nos outros 14 jogos do campeonato.

Também Cédric acabou por perder a corrida, aparentemente para André Almeida. Ambos tinham sido chamados pela primeira vez na mesma altura, em outubro. Ficou, pelo menos até dia 19, o benfiquista. Entre os que não vão de certeza ficou também Danny, que viu confirmada a ausência da Seleção desde que, em novembro, nunca mais foi chamado – num caso que envolveu queixas físicas em Israel e um jogo pelo Zenit dias depois.

Atualmente lesionados estão, como já se referiu Hélder Postiga, que já não estará na última jornada da liga italiana devido a um problema num joelho. Também Éder se magoou a última jornada do campeonato português e o maior problema foi ter sido no mesmo pé a que foi operado já nesta época. Vieirinha já está a ganhar ritmo há cerca de um mês e voltou a ser opção depois de uma lesão que o afastou mais de meia época. Assim como Quaresma voltou a Portugal para ter o seu nome envolvido pela Seleção cerca de dois anos depois.