Bufffff!

Aguenta coração, já que falhou tanta ocasião.

Contra a história, marchar, marchar.

Frente a um adversário historicamente complicado e num reduto «maldito», Portugal procurava contrariar a tradição e remendar a imagem algo frágil deixada no jogo com o México.

Diante da Rússia, anfitrião e líder do grupo na Taça das Confederações, os portugueses entraram com vontade de vencer, com fome de golo, esse que nunca tinha acontecido nos quatro embates entre ambos em solo russo.

Tecnicamente mais forte, a equipa das quinas tentou desde o início manter a bola em posse e trocá-la, por forma a criar desequilíbrios. Do outro lado, a equipa da casa mantinha-se fechada, cautelosa, tentando sair apenas no erro.

Ronaldo gelou os russos e entrou na história

Depois de algumas, poucas, tentativas, Portugal conseguiu mesmo inaugurar o marcador. Cristiano Ronaldo, o suspeito do costume, aproveitou um cruzamento teleguiado de Raphaël Guerreiro para o segundo poste e desviou de cabeça para o fundo das redes. Aos 8 minutos, Portugal passava para a frente do marcador, aproveitando uma desatenção da defensiva russa.

O golo, primeiro de sempre de Portugal em solo russo, teve o condão de abrir um pouco mais o jogo, mas, mesmo assim, os da casa optaram por arriscar só na certa, talvez com receio de expor demasiado as debilidades lá atrás.

Cristiano Ronaldo, com o pé direito, foi o único capaz de voltar a ameaçar o golo, mas Akinfeev negou-lhe com uma boa intervenção, aos 32’.

Apesar de muito tentar, a Rússia só foi capaz de criar perigo já perto do intervalo, quando Smolov apareceu solto de marcação na grande área mas rematou ao lado.

A vantagem ao intervalo aceitava-se, tendo em conta a eficácia demonstrada pelos portugueses.

FILME DO JOGO

A retaliação russa que fez tremer Portugal

Tão pouco sofrimento no primeiro tempo tinha de ter represálias no segundo. Pelo menos assim se esperava.

A Rússia, ferida no orgulho, tentou ter mais controlo sobre a bola e de facto conseguiu, porém com poucos efeitos práticos.

Do outro lado, Portugal reentrou com uma estratégia mais matreira, tentando espreitar o golo ao mínimo buraco.

Uma, duas, três, enfim, pareciam infindáveis as oportunidades criadas pelos portugueses, mas, invariavelmente, a eficácia não queria nada com eles.

Como é natural, com o passar do tempo, a Rússia foi acreditando. Mas acreditando mesmo. Tanto calafrio que os czares causaram na grande área lusitana, nomeadamente na última meia hora.

Sofreu-se a bom sofrer lá atrás. Que drama, depois de tanto desperdício. Parecia escrito nas estrelas, era mesmo para sofrer até ao fim.

A Rússia nunca criou oportunidades dignas desse nome, até porque pareceu sempre não ter capacidade para tal, mas as ameaças iam moendo a paciência de quem assistia ao encontro.

Um, dois, três calafrios, Patrício a encaixar, bola para a frente e fecha. Uma dor imensa, só aliviada pelo apito final.

Vitória histórica de Portugal, que nunca antes tinha sequer marcado qualquer golo à Rússia, na Rússia (4 jogos). Triunfo importante que permite aos portugueses assumir, à condição, a liderança do grupo e respirar melhor, mas, acima de tudo, acreditar na conquista de um título inédito.