José Romão era um homem visivelmente triste e abalado à chegada a Portugal, depois de uma campanha infeliz da Selecção Nacional nos Jogos Olímpicos. O treinador assumiu a sua responsabilidade, mas fez questão de enaltecer o que os portugueses conseguiram de bom e a forma como estava contratualmente ligado à Federação Portuguesa de Futebol.
«Resta-me manifestar a minha tristeza e frustração por não termos conseguido uma participação melhor», disse Romão aos jornalistas e adeptos que o esperavam no Aeroporto da Portela. «Assumimos essa responsabilidade. A que me toca no âmbito das minhas competências», salientou, sabendo desde já que Scolari tomaria conta de todas as selecções a partir de agora: «Quando terminou o Europeu sentimos que a renovação com o senhor Scolari passava por essa abrangência de funções.»
José Romão lembrou que o fim da participação olímpica significa também o fim da sua ligação à Federação. «Foi um desafio enorme. Recordo a ousadia do meu desafio. A primeira parte tinha a ver com o classificar a equipa. E se não conseguisse o meu contrato terminaria. Depois a ousadia foi ainda maior quando coloquei que tínhamos de vencer os play-off, e acabámos por vencemos. E tal era a confiança e a determinação que esse contrato terminaria se não ficássemos nos três primeiros lugares do Campeonato da Europa. Por isso, chegar aos Jogos Olímpicos foi um obstáculo onde nós gostaríamos de ter tido uma participação diferente. Isso não foi possível. Assumimos a responsabilidade.»
José Romão não quis ir mais longe nos comentários. «Quantos treinadores teriam a ousadia de fazer um contrato por objectivos?», questionou. «O meu contrato terminou. Existem razões para esta participação numa competição disputada com muita exigência. Chegámos aos Jogos Olímpicos e já foi um marco importante para o futebol português. Foi muito difícil. A segunda vez com todo o mérito.»