Quase ninguém deu por isso mas Portugal quase chegou à final do Campeonato da Europa e só Espanha evitou que isso acontecesse. É óbvio que sei perfeitamente que o leitor se lembrou do quanto vibrou com aquela meia-final em Donetsk que foi até à decisão por grandes penalidades e que acabou por ser favorável a Casillas, Iniesta, Fàbregas e companhia, deixando o país desiludido e Cristiano Ronaldo a olhar para o céu (e para as câmaras de tv) a clamar: «Injustiça!». Não estou a falar desse jogo.

Esta quarta-feira, a Seleção Nacional Sub19 Feminina também esteve na meia-final do Europeu da categoria e sucumbiu apenas aos 87 minutos de jogo, quando a largamente favorita Espanha marcou o único golo do encontro, carimbando o passaporte para a final da competição em Antalya, na Turquia. Sei que não erro ao escrever que tenho a certeza de que quase ninguém deu por isso.

Portugal é um país sui generis, de facto. Centenas de pessoas estiveram na Portela para receber a Seleção AA Masculina - que fez o que já tinha feito em 1984 e 2000, e pior do que em 2004 - carregada de «estrelas» (e de recursos), pouco interessadas sequer em dar um sorriso ou autógrafo ao povo. Exceção feita a Pepe e pouco mais.

Quanto às Sub19 - que até fizeram história, ao serem a primeira seleção feminina portuguesa a chegar a uma fase final internacional (e logo com uma presença na meia-final) - o reconhecimento público foi muito mais discreto. Apenas cerca de uma centena de pessoas, sobretudo familiares das atletas; foi essa a moldura humana que esteve no aeroporto. Para além de merecerem uma grande receção, as jogadoras bem queriam mostrar o orgulho com que representaram o país. Fizeram-no, claro. Mas de forma comedida. Enfim, coisas que acontecem... em Portugal. Culpa nossa (comunicação social, pelas opções editoriais) e vossa (público em geral, pela falta de interesse). Culpa de todos, no fundo.

O argumento de que tudo isto se deve ao facto de o Futebol Feminino (ainda para mais de Formação) não poder ser comparado ao Futebol Masculino está gasto, é falacioso e facilmente desmontável. Ao mesmo tempo que a seleção Sub19 feminina competia na Turquia, a seleção Sub19 masculina competia na Estónia e ficou-se pela fase de grupos, falhando o acesso à meia-final. Não se fala de alhos e bugalhos. Tudo é comparável. Aliás, por esse princípio, a verdade é que estas «miúdas» conseguiram na Turquia exatamente o mesmo resultado que os seniores trouxeram da Polónia e da Ucrânia.

Faço a minha parte e deixo aqui um pouco mais de informação acerca desta jovem equipa feminina da FPF. Apenas cinco jogadoras presentes neste Europeu deixam a categoria Sub19, por excesso de idade. Isso significa que quase todas as atletas que agora chegaram a uma meia-final têm 16, 17 e 18 anos de idade (uma delas... 15), podendo eventualmente fazer mais e melhor nos próximos Campeonatos da Europa, em 2013 (País de Gales) ou 2014 (Noruega). Veremos, nessa altura, se alguma coisa terá mudado e se alguém mais dará por isso.