A transpirar saúde, o FC Porto pass(e)ou na segunda parte na Amoreira, goleou em Portimão e todos os holofotes apontam agora para o Dragão e para o clássico de sexta-feira, talvez o mais importante jogo da temporada.

Para este texto fazer algum sentido, vamos acreditar que o Sporting vence hoje, com maior ou menor dificuldade, o Moreirense.

Será assim o próximo clássico tão mais importante do que o Benfica-FC Porto e o Sporting-Benfica? Muito provavelmente. Decisivo? Eventualmente para os leões em caso de desaire, e apenas aí, apesar da tal matemática ainda permitir todas as contas possíveis e imaginárias.

Há muitos cenários em equação. O mais negro para o Sporting será obviamente a derrota, que colocará a equipa de Jesus a oito pontos do primeiro lugar e em desvantagem ainda no confronto direto. Os tais oito-pontos-que-são-nove. Apesar do número de jornadas que ficarão ainda a faltar (9) e de os portistas terem ainda, entre outras, as deslocações à Luz, ao Funchal e a Guimarães, tudo ficaria muito complicado para os leões.

Já o empate deixaria tudo igual entre os dois rivais. Ou quase. Com golos, os leões passam a ter vantagem no confronto direto. A zero, sim, fica tudo na mesma. O mais importante parece ser, contudo, a distância de cinco pontos que permaneceria. Além disso, caso não derrape no seu próprio jogo (Marítimo, em casa), um Benfica à espreita ficaria novamente a depender de si próprio.

Se vencer, o FC Porto tem o caminho relativamente desimpedido para o tão desejado título. Sublinhe-se o relativamente. É verdade que não são de menosprezar as três saídas já referidas, mas os 5 pontos (neste caso, sobre o Benfica, mantendo-se o cenário de triunfo de ambos) para gerir em 9 jogos podem muito bem ser suficientes, sobretudo se olharmos para a forma como os dragões se têm desembaraçado dos adversários nas últimas semanas, ao que se junta o muito provável fim de desgaste com a Liga dos Campeões.

O embate com o Liverpool terá sido mesmo o momento menos conseguido da temporada. Esperava-se que o FC Porto fosse maior obstáculo à vertigem dos Reds, sobretudo em casa, levando a eliminatória para Anfield. O 0-5 foi um resultado demasiado pesado, e praticamente decisivo. Naquele modelo tão vertical das duas equipas, levou a melhor que a trouxe mais bagagem – ou mais trabalho ou experiência, se preferirem – até à partida.

Sérgio Conceição chega a esta fase com inegável mérito. Aqui, depois do Liverpool, soube minimizar os estragos e foi como se nada fosse. Antes e até hoje, manteve igualmente a chama da intensidade bem viva, não deixando que a equipa se deslumbrasse com o já alcançado. Depois, soube reagir sempre aos obstáculos: taticamente, aqui e ali, sobretudo em jogos de maior grau de dificuldade; na gestão do grupo, perante lesões importantes, como as de Danilo – a dupla Sérgio Oliveira-Herrera, que ganha em dinâmica em relação ao poderio físico, tem estado em grande nível –, de Marcano, Aboubakar e Alex Telles – Dalot tem tudo para ser caso sério no futebol português –, e ainda o caso Soares. O brasileiro não só ficou, como se apresenta como elemento muito importante nesta reta final de campeonato.

No Dragão respira-se saúde, e já se acabaram há muito os testes, como bem tem lembrado o treinador. Aconteça o que acontecer na sexta-feira, dificilmente o FC Porto abanará por aí além e ainda mais dificilmente deixará de ser o grande candidato a festejar no fim. Até na Taça parte com vantagem – inclusive moral, face à superioridade que mostrou nos embates com o Sporting – para chegar à final.

Os dragões entraram na temporada como um furacão, resta saber o que levam com eles.