61 golos em 60 jogos.

Supertaça Europeia, Taça do Rei, Liga dos Campeões e Mundial de Clubes.

Um ritmo frenético, impressionante, com recordes a caírem pelo meio, em efeito dominó: maior número de golos numa edição da Liga dos Campeões, maior número de golos em Europeus, somando a fase de qualificação.

Curiosamente, não bateu o seu recorde numa temporada, mas também passou pela primeira vez por dificuldades físicas, no famoso joelho.

A contas com essa lesão, teve, sim, um Mundial dececionante, que Neuer ganhou e no qual brilhou – o planeta viu no guarda-redes um jogador revolucionário, capaz de ser também líbero –, e Messi chegou à final e perdeu, arrecadando mesmo assim, com polémica, o título de melhor jogador no Brasil.

O Barcelona nada ganhou, o Bayern conquistou Bundesliga e Taça da Alemanha. Mas o melhor futebolista germânico do ano foi… Toni Kroos.

O Atlético Madrid, campeão espanhol e vice-campeão europeu, não elegeu um único futebolista para os três finalistas. O que ajudou a concentrar ainda mais a escolha no português.

Tudo somado, a pergunta parece óbvia. Se não fosse Ronaldo, seria quem? Messi, com uma época que o Mundial não salvou por completo do ponto de vista exibicional, ou Neuer, que nem os prémios de melhor do Campeonato do Mundo e melhor alemão conseguiu arrecadar?

2014 foi o ano de Cristiano Ronaldo. Ponto.

O português aliou conquistas individuais a outras coletivas, e isso é sempre o primeiro passo para conquistar a maior parte dos eleitores da Bola de Ouro.

E, antes mesmo de saborear a vitória, Ronaldo apontou de imediato a 2015, olhando para o arqui-rival, mostrando mais um sinal de uma ambição enorme, que o trouxe de volta à luta depois de Messi ter parecido insuperável e inalcançável em quatro anos seguidos.

O capitão da Seleção aponta a ser o melhor da história. Além de toda a subjetividade que a nomeação encerra, todos sabemos que não será fácil. É dois anos mais velho que a Pulga, só para falar nos que ainda jogam – Pelé e Maradona, entre outros, terão argumentos contra, certamente –, tem menos uma Bola de Ouro e falta-lhe, lembramo-nos sempre, é inevitável, uma grande conquista pelo seu país. A seu favor, o português pode sempre dizer que Messi também está em falta. É verdade, mas os velhos conseguiram-no, um deles até ganhou três Mundiais, não apenas um, e há muito que lhe chamam Rei.

Cristiano não deixaria de ser estratosférico com uma Bola de Ouro a menos, mas o ano impressionante que teve tornou-o um degrau mais próximo do que tanto deseja, numa caminhada que se espera que ainda tenha muitos anos.

Fica apenas uma dúvida: será que Portugal ainda vai a tempo de enquadrar numa grande Seleção todo o talento de CR7 e conquistar o seu primeiro grande título?

Talvez um dia a ambição de Cristiano nos contagie a todos.

Luís Mateus é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no Twitter.