Acabou a pré-época, e o Benfica entra na nova temporada como terminou a anterior: a vencer.

Com um defeso bem mais resguardado, sobretudo com ideias sustentadas pelos títulos anteriores (Liga e Taça da Liga) e pela boa campanha europeia (quartos de final da Liga dos Campeões) e com uma definição mais clara – dentro do possível, face ao histórico peso do mercado na construção das principais equipas portuguesas – dos nomes que levará para as grandes batalhas da primeira metade da temporada, os encarnados eram ainda mais favoritos e confirmaram o estatuto.

Terá sido um jogo perfeito? Claro que não, e o 3-0 perante mais um bom Sp. Braga acaba por ser mais lisonjeiro do que completamente merecido. O Benfica arrancou para 25 minutos de alta rotação, em que sim poderia ter definido logo a questão do vencedor, com o grande golo de Cervi a dar o tom. Foi nessa altura que os encarnados tiveram o controlo absoluto da partida pela intensidade e dinâmica que colocaram em campo: blocos subidos, espartilhamento da saída ao rival, projeção dos laterais no apoio aos médios na construção e ataques sucessivos, que pecaram pela finalização.

O Sp. Braga teve o mérito de sair vivo desses momentos de grande aflição e depois mérito redobrado ao reequilibrar a partida, aproveitando também alguma quebra física em algumas unidades do adversário. A oportunidade desperdiçada por Rafa, já sem Júlio César na baliza, acabaria por ser fatal.

Graças ao talento de Pizzi e Jonas, o Benfica faria o segundo golo que lhe faltou nos tais primeiros 25 minutos, e garantiu o troféu. O terceiro, nascido na arte de Pizzi, foi apenas o toque final de classe num triunfo justo, mas demasiado pesado para os homens de Peseiro. Afinal, tinha sido um belo embate entre as duas formações.

Se Júlio César, Luisão – depois de alguns sinais de instabilidade no final da última temporada e nos jogos particulares, e embora continue a aparecer que a melhor dupla seja a formada por Lindelof e Jardel – e Fejsa destacaram-se no plano defensivo, aquela ala esquerda formada por Grimaldo e Cervi, bem com a irreverência de André Horta, aliados ao talento de Jonas e Pizzi reforçam o rótulo de grande qualidade que o campeão mantém.

Serão os jogos, em teoria, mais fáceis de controlar quando houver mais força nas pernas, mas esse foi o principal problema da equipa de Rui Vitória: deixar o rival recuperar o fôlego e começar a acreditar. E deixar-se ficar, em várias ocasiões, perto do empate.

Veremos o que o mercado trará ou retirará ao Sp. Braga. Por enquanto, o grupo tem talento para garantir uma excelente temporada.

Duas excelentes vitórias para a seleção olímpica.

Fantástica campanha da Seleção Olímpica. Grande trabalho de Rui Jorge. Mais um! E já são 28 jogos oficiais sem perder.

Depois de ter tido de praticamente pedir por favor para ter 18 que formassem uma convocatória, o selecionador já garantiu, como mínimo, os quartos de final do torneio, no Rio de Janeiro. Brilhante o triunfo frente à Argentina, menos mas importante a vitória perante as Honduras, sobretudo pelo que falhou à frente da baliza rival.

O objetivo foi cumprido, e o grupo merece que os nossos aplausos sobrevoem o Atlântico. Desta vez, estou, porém, com o discurso do jogo a jogo. Não se pode exigir títulos a esta seleção. Não podemos esperar que uma equipa feita de remendos – apesar da qualidade que existe e merece todos os elogios – traga uma medalha para o país.

Não podemos passar da expetativa-zero para a obrigatoriedade de vencer. E entre quem decidir passar à mesma essa fronteira – porque certamente irão passa – acredito que possam estar alguns dos que recusaram jogadores a esta mesma seleção.

O primeiro título de Mourinho no United.

José Mourinho continua a montar o seu novo puzzle, desta vez em Old Trafford. Venceu o campeão Leicester – que reúne, até ver, capacidade para fazer uma boa Premier League –, e o primeiro troféu no Manchester United.

A equipa não está construída na totalidade, ainda faltará um ou outro retoque. Pogba, em teoria, encaixará bem naquele meio-campo, e muito provavelmente a defesa também precisará de um patrão. Zlatan Ibrahimovic começou a época a decidir, o que é outro bom sinal para o que aí vem. O primeiro grito de vitória de Mou já está dado. Ainda faltarão outros.

O caminho é, para todos, bastante longo.

LUÍS MATEUS é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».