O Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra decidiu abrir um inquérito a alegadas práticas violentas sobre caloiros no exercício da praxe académica, revelou o seu responsável.

Ao ter conhecimento de várias queixas, o «Magnum Consilium Veteranorum» reuniu-se na quinta-feira e decidiu suspender de imediato, e por tempo indeterminado, todas as atividades no que diz respeito à chamada «Praxe de Gozo e de Mobilização».

João Luís, «dux veteranorum», explicou à Agência Lusa que a suspensão se reporta «exclusivamente à interação dos doutores com os caloiros», mantendo-se todas «as outras milhentas formas de praxe».

«Foram apresentadas algumas queixas, de alunos de várias faculdades, de que poderá ter havido atropelos», referiu, frisando que a suspensão dessas atividades visa criar o ambiente adequado para falar com todos os alegados envolvidos.

Caso se confirmem os factos, e em função da sua gravidade, serão aplicadas sanções previstas no Código da Praxe, que «serão sempre praxísticas», porque «a praxe não é violência, mas uma vivência» que tem de ser respeitada, sublinhou.

João Luís adiantou que na próxima semana se inicia o inquérito, findo o qual - espera-se que esteja concluído até ao final de abril - o Conselho de Veteranos se reunirá para tomar uma decisão.

O Dux Veteranorum escusou-se a avançar possíveis sanções para os prevaricadores, mas citou os casos de punições aplicadas há uns anos atrás, de suspensão da praxe durante um ano ou de regressão do grau de veterano para o de caloiro.

O presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC), Ricardo Morgado, embora ressalvando que se trata de uma decisão de um órgão independente da Académica, concorda que se «apurem responsabilidades».

No documento em que publicita a decisão, o Conselho de Veteranos informa que lhe chegou ao conhecimento que «doutores/as da universidade, no que diz respeito à praxe, andam a ter atitudes que no mínimo se podem classificar como desviantes dos princípios e orientações da Praxe Académica da Universidade de Coimbra».

A nota refere que os caloiros têm direito à oferta de um Código da Praxe da Universidade de Coimbra, tendo para isso apenas de se deslocar às suas instalações.

O «Jornal de Noticias» refere este sábado que duas estudantes da Faculdade de Psicologia terão sido agredidas com violência, por se recusarem participar na praxe, e que foi dado conhecimento dos factos às autoridades.

Uma fonte do Comando Distrital da PSP de Coimbra disse à Agência Lusa não ter conhecimento da apresentação de queixa por alegada violência no exercício da praxe académica.