Um abaixo-assinado que condena alguns atos dos estudantes associados à praxe académica está a circular entre os docentes da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), disse à agência Lusa o promotor da iniciativa.

José Manuel Pureza adiantou que vários docentes da instituição, entre eles os sociólogos Boaventura Sousa Santos e Elísio Estanque, já subscreveram o documento, que será entregue ao diretor da FEUC, José Reis.

«Esta posição resulta de uma tomada de consciência de um caminho que é preciso fazer para por cobro a práticas que põem em causa os direitos das pessoas», declarou o professor de Relações Internacionais.

No domingo, um primeiro abaixo-assinado com os mesmos objetivos começou a circular entre os professores da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

«Entendi que devíamos ter uma iniciativa de idêntica natureza», disse esta tarde José Manuel Pureza, mostrando-se «convencido que vai ter uma adesão muito grande».

No documento, a que a Lusa teve acesso, os subscritores criticam «a verificação de diversas práticas, associadas à chamada praxe académica, que constituem atos de humilhação, de atemorização e de atentado à dignidade» dos alunos e alunas.

«Apesar do repúdio e do temor que alguns estudantes sentem em relação a estas práticas, as queixas contra as mesmas não são formalizadas devido ao receio de retaliações», acrescentam.

A Universidade de Coimbra, «no seu todo, precisa de refletir sobre o alcance e significado destas práticas», afirmou José Manuel Pureza.

«Ano após ano, a coberto de supostas tradições, assistimos a práticas vexatórias e aberrantes», lamentou o ex-deputado, que foi líder parlamentar do Bloco de Esquerda na última legislatura.

Os docentes «consideram importante uma intervenção dos órgãos responsáveis» da FEUC, designadamente do seu diretor, José Reis, para «esclarecimento dos estudantes relativamente aos seus direitos».

Neste sentido, sugerem que na receção aos novos alunos e alunas, no início de cada ano letivo, eles sejam esclarecidos «sobre a praxe e sobre a possibilidade de recusa de participar nessas práticas», através de iniciativas envolvendo docentes e discentes.

No documento, é proposta «a elaboração de materiais de informação sobre o assunto» e «a criação de estruturas de apoio» aos estudantes que não queiram participar nas ações da praxe.

Álvaro Garrido, Daniela Nascimento, Filipe Almeida e Paulo Saraiva são outros docentes que já assinaram o abaixo-assinado.