«Pode abastecer». A voz metálica da bomba de gasolina não engana: já há combustível na agulheta e apenas um dos postos mantém um pino cor-de-laranja, sinal de proibido passar. O cenário por Lisboa varia pouco: o abastecimento fez-se durante a madrugada ou ao início da manhã. A Galp repôs o stock de alguns postos logo pelas seis horas e a bomba do Eixo Norte-Sul deixa antever um dia normal. As filas nas bombas de combustível são já imagens antigas; e muitos dos clientes desta bomba da Galp, cerca das 11h, eram camionistas, retornados às viagens habituais.

A clientela reduziu significativamente desde o dia de ontem. A normalidade regressou aos postos de combustível, mas há alguns locais que necessitam de mais umas horas para activar todos os postos. É o caso da Repsol, na Avenida de Ceuta, que tem apenas três, das 9 bombas, em funcionamento. O abastecimento foi feito cerca das 7 horas, mas ainda não foi o suficiente para prover a todas as agulhetas da bomba: assim, muitos dos «desculpe pelo incómodo» pendurados nas mangueiras continuam à espera de novo camião para repor os níveis de combustível.

Questionado o gerente da gasolineira sobre a manhã desta quinta-feira, numa véspera de feriado em Lisboa, fomos surpreendidos com uma resposta que nos remete para o departamento de Relações Públicas da Repsol. Sem informação oficial, mas observando o local, é possível ver alguns clientes à procura de gasolina e gasóleo; apesar de apenas três bombas estarem a funcionar, nem sequer se chegou a formar fila.

Piquetes deixaram «escapar» alguns camiões

Já no Porto, nem as bombas que estiveram muito próximas dos piquetes de camionistas tiveram dificuldades. Algumas centenas de metros depois do armazém da Sonae na Maia, uma das principais concentrações dos grevistas, a Repsol assegurou de alguma forma o reabastecimento. Mais adiante na N13, onde esteve um piquete quase permanente, o posto da Galp nas Guardeiras teve sempre as agulhetas a postos.

Num dos principais pontos de entrada e saída da cidade, a BP da Via Norte conseguiu reabastecer de forma a garantir que os combustíveis não faltassem. O gerente do posto confirmou que ainda hoje é esperada uma nova provisão. No início da A28, em Matosinhos, a Galp também fintou os grevistas e reabasteceu nos últimos dias. Em Vila Nova de Gaia, os efeitos da greve também não foram sentidos. Na Repsol junto ao Gaiashopping nem sequer foi preciso assegurar o reabastecimento, enquanto que na Esso da Afurada a gestão foi mais apertada, porque os preços mais acessíveis atraíram filas de automobilistas.

Filas e mais filas



Já numa outra bomba de gasolina em Lisboa, um automobilista mostrava-se satisfeito com o fim do bloqueio. Ao final da tarde «começam umas mini-férias e sem gasolina não há passeio», explica ao PortugalDiário, acrescentando que já ontem tinha ido a uma bomba de gasolina. «Desisti depois de ver as filas na 2º Circular. Estava à espera que tudo se resolvesse rápido. Nós somos um país sensato; não íamos deixar chegar a situação a um estado de emergência».

Filas que também não faltaram na cidade invicta, que acordou esta quinta-feira com mais trânsito. A fileira de camiões no Nó de Francos, que dá acesso à Avenida AEP (para onde seguem mercadorias para o porto de Leixões, por exemplo), até fazia lembrar a marcha lenta de protesto.

Dentro da cidade, houve combustível suficiente para todos. João Branco, funcionário da Galp da Areosa há 26 anos, garantiu ao PortugalDiário que «apesar do dia bastante movimentado, nunca faltou nada». Uma afirmação que, afinal, resume os últimos dias dos automobilistas portuenses.