Mais de 500 pessoas manifestaram-se esta segunda-feira na Escola de Música do Conservatório Nacional, em Lisboa, contra a reforma do ensino artístico proposta pelo governo, através de um concerto e de um cordão humano à volta do edifício, refere a Lusa.

Alunos, pais e professores concentraram-se de manhã à entrada do edifício para exigir a manutenção das iniciações musicais, bem como dos regimes supletivo e articulado (que permitem ao aluno ter formação especializada no conservatório e formação geral noutra escola), aproveitando a visita de uma delegação do Ministério da Educação (ME) ao Conservatório.

O grupo de trabalho para a reestruturação do ensino artístico do ME deveria ter-se reunido com a direcção da escola, mas o encontro foi cancelado por ter ocorrido a manifestação, explicou fonte oficial da tutela.

«Não há condições para ter reuniões de trabalho com manifestações à porta», declarou a mesma fonte, que sublinhou a importância destas reuniões na aplicação da reforma escola a escola.

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O ME reuniu já com os conservatórios de música de Coimbra, de Braga e do Porto, e declarou que em Lisboa «as conversas e as reuniões continuarão normalmente», quando houver condições.

Os manifestantes garantem que a reforma ditará o fim do Conservatório nos moldes actuais e fará com que 75 por cento dos alunos deixem a escola de música, muitos dos quais poderão ter de abandonar a formação musical de qualidade se não optarem por escolas privadas.

Findo o concerto, centenas de alunos e professores cantaram em uníssono os versos de «Acordai!», poema de José Gomes Ferreira musicado por Fernando Lopes-Graça.

Outro momento simbólico da manifestação uniu depois os manifestantes de mãos dadas em torno do edifício, com «um significado muito importante», afirmou Luís Cunha, professor do Conservatório.

«Estamos a defender esta casa - não só os muros, mas tudo o que representa», sublinhou.

Professores e alunos reuniram-se depois em assembleias separadas para discutir as próximas acções.

Prometem continuar a luta através de concentrações diárias junto ao ME, e de uma manifestação nacional na próxima sexta-feira, que reunirá membros de escolas públicas de música de todo o país junto à Assembleia da República para um «concerto mudo».