O especialista em comportamentos desviantes Luís Fernandes pediu celeridade no trabalho policial e judicial relacionado com os últimos homicídios no Grande Porto como forma de diluir a «apreensão» que se vive na região.

«A sensação de que os crimes ficam impunes é muito desmoralizante para a coesão social. A investigação policial e a decisão judicial têm que ser rápidas", destacou o professor da Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto.

Desde Maio deste ano pelo menos seis pessoas morreram na Área Metropolitana do Porto em homicídios que envolveram pessoas ligadas a actividades nocturnas, nomeadamente discotecas, vigilância e transporte em táxi.

O caso mais mediático, o do assassinato do empresário da noite Aurélio Palha, ocorreu a 27 de Agosto e a Polícia Judiciária ainda não descobriu o homicida.

Já o homicida de um vigilante, ocorrido quinta-feira em Matosinhos, foi descoberto no próprio dia.

Em declarações à agência Lusa, o docente e cientista social sublinhou também a «importância» da prevenção, atacando a raíz dos problemas sociais que, muitas vezes, estão na génese da criminalidade mais violenta.

«O Porto tem problemas muito sérios nas suas periferias sociais, com populações envelhecidas ou sem perspectivas de futuro, escolas que não têm capacidade para funcionar como sítios que socializem, incapacidade de atrair investimento para gerar emprego», anotou.

Resolver tudo isto «não é tarefa de curto prazo nem para uma só entidade, mas é preciso fazê-lo, em vez de se andar a perder tempo com a querela do Porto Feliz», disse, num remoque à polémica suscitada pelo termo do programa para reinserção de arrumadores toxicodependentes do Porto.

Luís Fernandes reconheceu que a população do Grande Porto está «apreensiva» com a sucessão de homicídios, mas considerou que estes acontecimentos «podem não significar necessariamente uma evolução grave» da criminalidade na região.

«A criminalidade violenta desenvolve-se em picos e este conjunto de homicídios pode ser uma mera coincidência», enfatizou o professor na Faculdade de Psicologia do Porto.

Luís Fernandes tende mesmo a acreditar que a criminalidade se mantém nos padrões em que se fixou em meados dos anos 80, altura em que passou a ser mais violenta a envolver gente mais jovem.