Desde que o Governo anunciou as medidas para reduzir o défice, os trabalhadores de vários sectores ficaram preocupados. Sindicatos afirmam que «há um retrocesso em termos de direitos», mas prometem não baixar os braços, por isso, as próximas semanas estarão marcadas por greves e contestação.

A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública convocou uma manifestação nacional para 17 de Junho para contestar as medidas do Governo. O aumento da idade da reforma, alterações nos sistemas de saúde e aposentação e no regime de progressões, são as principais queixas do sector.

Para além dos sindicatos da Função Pública, a Frente Comum anunciou que também as associações sindicais e profissionais das forças de segurança estarão presentes. As medidas para esta área incluem alterações na idade mínima de aposentação, alterações na progressão automática nos escalões e perda de regalias nos subsistemas de saúde.

Depois de ter ouvido as explicações do Ministro da Administração Interna, a Comissão Coordenadora Permanente (CCP) dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança, decidiu ainda convocar uma manifestação nacional das forças de segurança, agendada para 22 de Junho.

José Manageiro, presidente da Associação dos Profissionais da Guarda, disse ao PortugalDiário que «algumas destas medidas tinham de ser tomadas, nomeadamente na área da saúde, mas o Governo foi mais longe e hoje estamos a lutar por direitos que foram adquiridos desde os anos 60».

O Sindicato dos Profissionais de Polícia, (não representado na CCP) não irá integrar este protesto, mas marcou também uma manifestação para 23 de Junho.

Quem não estará presente na manifestação da função pública é a FESAP (Frente Sindical da Administração Pública). Nobre dos Santos, secretário-cooerdenador diz que a FESAP queria «primeiro ter chegado a uma plataforma mínima de entendimento».

A federação tem uma reunião marcada com o Governo, para o próximo dia 15, por isso, para já, a palavra de ordem é «negociar».

Na Administração Local também há contestação. Duas das estruturas que representam os trabalhadores desta área (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local - STAL - e Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa - STML) irão participar na Manifestação Nacional da Administração Pública e no Dia de Luta da CGTP (dia 28). Estas estruturas ponderam ainda uma greve geral da Administração Pública.

Professores, educadores de infância e trabalhadores não docentes manifestaram esta quarta-feira uma «profunda revolta» pelo congelamento das carreiras e alterações às reformas numa carta entregue na residência do primeiro-ministro.

Se não obtiverem uma resposta positiva, a Federação Nacional dos Sindicatos de Educação (FNE) e a Federação Nacional de Professores (Fenprof) avançarão com uma greve de professores, educadores de infância e trabalhadores não docentes entre os dias 20 e 23 de Junho, que deverá afectar a realização dos exames nacionais.

Ainda na área do ensino, várias associações de estudantes do superior anunciaram jornadas de luta para mostrar o seu desagrado face ao fim dos estágios pedagógicos remunerados.

Na saúde, as medidas governamentais também não foram bem aceites. O Sindicato dos Enfermeiros (SE) convocou uma greve geral para o próximo dia 29 de Junho, que deverá contar com a participação de 35 mil enfermeiros.

O SE defende que o regime de excepção dos enfermeiros, em termos de pensões, não é uma regalia, mas vai de encontro «à realidade do desgaste intenso da profissão, pela natureza do seu trabalho».

José Correia Azevedo, presidente do SE, disse ao PortugalDiário que se os enfermeiros já estavam «a trabalhar com a corda esticada, agora piorou». A greve está marcada para dia 29, mas o SE deixa o aviso: «Podemos avançar com outras medidas».

Se todos estes protestos se concretizarem, até ao final do mês Portugal terá oito dias de greves e manifestações.