A figura: Hugo Viana

O Midas do Sp. Braga. Transforma em ouro os lances onde intervém. Com ele não há futebol aos repelões, pontapé para a frente ou cinzentismo. A bola sai-lhe «redondinha». Os colegas agradecem. O público aprecia. Perante um meio campo muito povoado do Benfica, Hugo Viana conseguiu sair-se quase sempre bem. Mais perto de Djamal do que de Mossoró, foi de trás que orquestrou o jogo da equipa. Com classe. Não é assim sempre? Numa altura em que se jogam encontros decisivos na selecção nacional fica a interrogação: não há um espaço para um médio construtor, experiente e com muitos minutos nas pernas?

A desilusão: Emerson

Terrível a abordagem ao lance que desbloqueia o jogo. A maratona que foi a primeira parte pode ter ajudado na falta de discernimento, mas o lapso, ou desconcentração, acabou por ser fatal. Tarda em convencer. Alterna a competência com a insuficiência. O brilho das estrelas é que não mora por aqueles lados. Está a léguas do antecessor. Não se pedia que fosse igualmente brilhante, é certo, mas esperava-se outro rendimento por esta altura.

O momento: chamem o electricista!

Minuto 26. O jogo não era brilhante, mas estava entretido. Havia energia de parte a parte, mas não em todos os holofotes do Municipal bracarense. A bancada nascente ficava às escuras pela primeira de três vezes. O ritmo caiu, obviamente. O desespero aumentou, como é óbvio. A qualidade evaporou-se, como seria de esperar. A um jogo a que não pareciam faltar condimentos...faltou um electricista.

Outros destaques:

Ewerton

Imperial. Fantástica exibição do brasileiro, patrão da defesa bracarense e candidato a revelação da época. Descoberto no Corinthians Alagoano, o central de apenas 22 anos foi intratável na marcação a Cardozo. Pulmão inesgotável, cabeça no lugar e os pés quase sempre no sítio certo.

Rodrigo

O momento é de euforia, já não há dúvidas. Quatro golos nos últimos três jogos, embora neste tenha contado com a preciosa ajuda de Douglão. Apesar da boa onda, começou no banco e saltou para o relvado com o Sp. Braga na frente. Seria uma espécie de canivete suíço, que Jorge Jesus usava para desbloquear uma situação muito delicada. Não foi exímio, mas trouxe outra vida às costas de Cardozo, numa noite em que Aimar esteve pouco inspirado. E, claro, marcou. E podia ter completado a reviravolta, no último lance do jogo. Excepcional a recepção, remate forte, mas sem direcção. Não se pode pedir tudo.

Gaitán

A nota escreve-se antes de uma eventual explicação médica: por que saiu mesmo? Estava a ser o único jogador do Benfica capaz de causar calafrios à defesa do Sp. Braga. O único que revelava rasgo e determinação. Dos poucos a mostrar capacidade para alterar o rumo dos acontecimentos. Em suma, estava a ser o melhor. Daí que, a não ser que tenha havido imperativos de ordem física, a sua substituição não se compreende.

Salino

O mau alívio no golo de Rodrigo mancha-lhe uma exibição, até então, perfeita. A lesão de Baiano pode ter dado calafrios aos adeptos minhotos, mas o melhor que se pode dizer da exibição de Salino é que o Sp. Braga não ficou nada a perder. Os minutos iniciais de Baiano foram desastrados, com muitos passes errados, uma aderência muito má ao relvado e desacerto defensivo. Salino trouxe uma alma renovada ao corredor direito. E ainda está na origem do lance do penalty.

Douglão

É difícil avaliar a prestação do gigante brasileiro, habitual suplente da dupla Ewerton-Paulo Vinicius. Fica ligado ao golo encarnado, pelo corte que traiu Quim. Já antes tinha tentado sair com classe, quando se pedia decisão urgente. Mas também fez coisas boas. E várias. Entrou bem no jogo, fez uma primeira parte de alto nível, esteve bem nas marcações, recuperou várias bolas e não ficava muito atrás do parceiro do centro da defesa. Caiu no segundo tempo, mas termina o jogo de cabeça levantada.