Fosse o estofo de um grande um bem adquirível num qualquer estofador e essa seria uma profissão em risco em Braga. É que o Sporting local, nesta altura, não parece precisar de estofo. Já o tem. Já é uma equipa consistente a ponto de querer deixar o rótulo de «outsider» e se assumir como verdadeiro candidato. Aliás, muito provavelmente, se não houvesse estofo de equipa grande, o Sp. Braga não teria vencido este jogo, como acabou por fazer. Entrou a ganhar o vice-campeão (3-1).

Os primeiros dez minutos do encontro (e da Liga, já agora) foram jogados a um ritmo vivo que deixa água na boca para o resto: será promessa para o que aí vem? Entrou melhor o Sp. Braga, como lhe competia. Numa altura em que o Portimonense só chegava à baliza do reforço Felipe com remates de meia-distância, os minhotos fizeram da movimentação constante no ataque a sua principal arma.

Não que a defesa algarvia precisasse de grandes arranjos para ser batida. É, claramente, o sector mais tímido da equipa e uma pecha que se pode revelar decisiva, no escalão máximo. Porque do meio campo para a frente há bons valores. Jumisse e, sobretudo, Pelembe são duas pérolas moçambicanas que Litos terá de explorar. Ivanildo precisa domar o seu futebol, ainda, muito selvagem, mas Elias é um futebolista de provas dadas e um acréscimo de experiência a uma meio-campo em que Pedro Moreira foi inconstante e Peña uma boa adição. Mas bons pormenores não fazem uma equipa. E o Sp. Braga encarregou-se de mostrar porquê.

O baixinho Matheus também marca de cabeça

Ainda sem dispor de uma oportunidade verdadeiramente flagrante, mas com Lima em bom plano e a moer a paciência a um desesperado Di Fábio, o Sp. Braga marcou. Num golo que mistura o provável com o improvável. Os golos de bola parada ajudaram a consolidar o Sp. Braga vice-campeão. Não há Hugo Viana, salta Alan para a marcação. O lado menos esperado esteve no marcador. Matheus, o baixinho Matheus apareceu solto na área e encostou de cabeça.

Parecia ser o que a equipa precisava para se soltar e esmagar o rival recém-promovido. Engano. Em dois actos, os de Portimão quase empatavam. Pelembe cobrou bem um livre e obrigou Felipe à primeira defesa, digna desse nome, com a camisola do Sp. Braga. Pouco depois fez ainda melhor, voando para evitar o golo de Jumisse. Bons indicadores na estreia.

Não acalmar, mas também não tremer

Quando todos esperavam o intervalo, Lima assistiu Paulo César que aumentou e fez o golo que parecia ser da tranquilidade. Não foi. Quando todos esperavam um segundo tempo tranquilo, Elias reduziu, numa bola parada e parecia que ia fazer o Sp. Braga tremer. Não fez.

Aí, veio ao de cima o estofo que esta equipa já tem. Mesmo com uma vantagem mínima sempre assustadora e com alguma impaciência nas bancadas, os bracarenses pareceram ter sempre a situação controlada. Pires ainda dispôs de uma oportunidade para o Portimonense, mas foi caso isolado. Rodríguez e Moisés foram imperiais a controlar os avançados algarvios e faltava apenas fazer o terceiro. Que chegou num belo lance de Salino. Depois de um túnel a um opositor, rematou forte e cruzado, fechando o marcador.

Entra a ganhar o Sp. Braga e a mostrar que está aí para a luta. O Portimonense deixa bons indicadores na frente e bastantes preocupações na defesa. Pode fazer um campeonato interessante assim consiga corrigir as carências defensivas que saltam de imediato à vista.