Os duelos entre Sp. Braga e V. Guimarães há muito que transcenderam a eterna rivalidade dos dois grandes do Minho e ganharam um lugar próprio no futebol português.

Serão, até, os jogos mais carisma, entre todos aqueles que se realizam em Portugal e que não incluam qualquer dos três «grandes».

Independentemente da situação classificativa em que se encontrem no momento, Braga e Vitória são, nos dérbies minhotos, equipas especiais.

Previa-se, por isso, um duelo aceso, equilibrado, emotivo.

E a primeira conclusão a tirar é a de que só uma parte da equação se confirmou: o Sp. Braga não só esteve melhor, como se transcendeu, comparando com o que tem feito até aqui.

A eterna rivalidade atiçou o melhor Braga da época. A equipa de Jesualdo esteve confiante, ambiciosa, atrevida.

Em contraponto, o Vitória desiludiu. Não foi «equipa de dérbi» este Guimarães. Lento, apático, por vezes tímido, quase inexistente do ponto de vista ofensivo.

As consequências estão bem à vista: na melhor exibição da época, o Sp. Braga venceu claramente, num 3-0 que até poderia ter tido números ainda mais folgados.

Houve muito mais Sp. Braga até ao intervalo. A equipa de Jesualdo assinou 45 minutos ao nível do melhor que já mostrou esta época (é certo que ainda não foi o que todos esperavam), revelando um pendor ofensivo próprio de quem queria ganhar o jogo.

Depois de vários avisos sérios à baliza de Douglas, Pardo, aos 31 minutos, faturou mesmo, dando aos bracarenses uma vantagem que, já na altura, apenas pecava por escassa.

A arte de Rafa (muito potencial, boa movimentação ofensiva, só precisa de mais maturidade) foi o motor da dinâmica ofensiva dos arsenalistas.

Alan, mesmo que corra metade do que fazia há cinco anos, continua a ser um assistente de luxo para qualquer avançado (Rusescu, com bela estreia de dois golos, e Pardo que o digam).

O Vitória surgiu tímido e pouco agressivo no campo do eterno rival. Demorou meia hora a rematar à baliza contrária e das poucas vezes que o fez nem sequer assustou.

Após o intervalo, e mesmo com a diferença mínima, nunca a superioridade do Sp. Braga esteve em causa.

Rafa, o internacional sub-21, continuou a mostrar serviço (e a exibir pormenores de encantar, como na trivela para o 3-0). Alan continuou na onda das assistências. Pardo a rematar, mas muitas vezes com a pontaria desafinada. Rusescu (bis no primeiro jogo, nada mau) soltou a veia goleadora e bisou.

História contada, poucas dúvidas no ar: muito mais Braga, V. Guimarães abaixo do esperado.