Abel Ferreira, treinador do Sp. Braga, em declarações aos jornalistas após o triunfo sobre o V. Setúbal por 1-0 nos oitavos de final da Taça de Portugal:

«Eu estava extremamente confiante para este jogo, pela forma como os jogadores trabalham todos dias. Dissemos aos jogadores antes do jogo que o grande desafio que tínhamos era sermos iguais a nós próprios e desafiarmos os nossos limites, porque tinha o feeling de que tudo ia correr bem.

Sabíamos das dificuldades que o Vitória nos ia causar, já tínhamos jogado contra eles em casa e havia um conhecimento muito maior das equipas.

Muito honestamente, e abreviando, parece-me que ganhou a melhor equipa. Quem mais quis, quem foi mais audaz. Poderia ter tirado no prolongamento um dos avançados que tinha e deixei-os lá dentro. Era uma mensagem de confiança para os jogadores, desde que cada um cumprisse defensivamente. Na minha opinião, foi uma vitória justa da melhor equipa.»

[Sobre a primeira parte algo lenta]

«Prefiro uma equipa que sabe o que faz e que não se precipita com bola. A nossa intenção era dar velocidade e qualidade. Mas quando não consigo ter qualidade porque a velocidade atrapalha e nos precipita, prefiro baixar a velocidade.

Na primeira e na segunda parte, o domínio com bola foi quase sempre nosso. O nosso adversário também criou oportunidades mas nós também. A maior e mais flagrante foi a três/quatro minutos do fim, em que poderíamos ter dado a machadada.

Foi preciso ir buscar o nosso espírito de superação e de equipa. Demos uma resposta absolutamente fantástica mesmo com menos um. Não há cãibras, não há nada que pegue nesta equipa: foram até aos limites e queremos esta atitude qualidade e empenho em todos os jogos

Quando foi preciso sofrer e defender, fomos sábios. Como disse, foi uma vitória justa da melhor equipa durante todo o tempo.»

[Desgaste provocado pelo prolongamento pode pesar para o jogo com o Benfica no fim de semana?]

«Não sei, mas o que disse é que nem cãimbras a nossa equipa teve. Estava uma boa relva, mas mole. E quando o terreno está mole isso obriga a fazer muito mais esforço. Achei a equipa absolutamente fantástica a todos os níveis: na qualidade, na entreajuda e organização tática. Fomos uma verdadeira equipa como temos sido até agora. Fomos o nosso espelho e isso era fundamental num jogo como este.

Entendo que o meu opositor possa ter uma ideia diferente, mas a vitória assenta à equipa que foi bem melhor.»

[Esta época pode ser histórica?]

«O que eu acredito é que esta equipa vai continuar a ter este comportamento. É mais do que uma filosofia de jogo: é uma forma de estar na vida e particularmente no futebol. Isso vê-se pelos jogadores que jogam e pela entreajuda que há. Estava com dúvidas se tirava Paulinho ou o Dyego. Tive uma conversa de homens, porque precisava do que fosse mais sincero e verdadeiro, porque precisamos deles até ao limite. E quando tens homens eu confiam em ti e lhe passas esta confiança, a atitude competitiva reflete-se na nossa forma de jogar.

Estamos de parabéns porque valorizámos todo o nosso esforço e o esforço dos jogadores. É passo a passo, ser consistentes. O segredo é continuarmos a ser fiéis à nossa identidade e termos este espírito competitivo com qualidade e sabedoria.»

[O que pensou após o penálti falhado e a expulsão de Rául Silva?]

«Antes de as coisas acontecerem, eu tenho de pensar nelas. O que temos de fazer quando as coisas aparecem no jogo é dar as respostas. O que fiz em função da expulsão foi reajustar taticamente. Vocês viram o Fransérgio a fazer a central e ele já treinou a central. O Paulinho a interior esquerdo e extremo: já o fez em treino.

Se tivéssemos perdido o jogo, eu iria ter o mesmo discurso que estou a ter agora. Na minha opinião, fomos sábios por cumprir as missões táticas em cada momento do jogo.»