Será a prova mais concreta de como o futebol é muito mais que um jogo de palavras, ou 22 homens a correr atrás de uma bola. Os leitores pediram, e Maisfutebol foi à procura do desfecho da história de Manuel Ramos. O tal adepto de São Tomé que percorreu 12 quilómetros para encontrar ajuda nos jogadores do Sporting. E querem saber? Encontrou mesmo.
A espera de várias horas à porta da Academia do Sporting, em Alcochete, depois dos tais milhares de metros percorridos na manhã de quinta-feira, foi recompensada. Manuel Ramos, 34 anos, deixou de trabalhar devido a um «bicho» que nasceu debaixo do seu olho esquerdo. Foi assim que ele contou e mostrou ao Maisfutebol.
Era pintor, deixou de o ser por aconselhamento médico. Deixou também de pagar a renda da casa, por falta de dinheiro. Foi isto que disse a vários jogadores do Sporting que pararam o carro no portão da Academia. Manuel Ramos colocou-se à frente de cada veículo que saía. Conseguiu fazer parar alguns. Rochemback, Douala, Hugo Viana ouviram a história do adepto de São Tomé durante alguns minutos. Outros mandaram-no falar com o «capitão» [Pedro Barbosa].
Fica para outro dia
A verdade é que os leões ficaram sensibilizados com a história de vida de Manuel Ramos, e mostraram que a força do futebol chega mais longe do que se pode imaginar. «Parecia mesmo muito mal», confessou um deles ao Maisfutebol. Apanhados de surpresa, e sem forma de ajudar Ramos naquele momento, desafiaram-no para que aparecesse em Alvalade no dia seguinte. O Sporting treinava sexta-feira e concentrava-se depois para o estágio do jogo com a Académica. Alguns jogadores falaram entre si e inteiraram-se da situação.
Às 16 horas, Manuel Ramos apareceu no Estádio José Alvalade. Como combinado, os leões que tinham marcado o encontro não faltaram. Nem o Ferrari de Rochemback, que na manhã anterior tinha passado pelo adepto africano a toda a velocidade na estrada secundária que vai dar a Alcochete. Ramos teve a sua ajuda, não importa quanto. E isso é mais do que muito para quem precisa. A operação ao olho e o regresso ao trabalho estão agora mais perto do que nunca. «Ajudei-o da forma que pude», disse alguém. «Terá certamente conseguido o suficiente para o que ele precisava», ficou garantido.
Esta história teve um final feliz, mas, como diziam alguns leitores, é apenas uma entre muitas e deverá servir de exemplo, não como acção que deva ser seguida por quem também precisa, mas pelo gesto de solidariedade que foi realizado pelos leões. Os jogadores recebem pedidos de ajuda frequentemente, mas desta vez perceberam que alguém caminhou 12 quilómetros sem comida no estômago porque precisou mesmo. E por isso ajudaram. O futebol também é bonito por isto.