1. Equipas sem surpresas nas dinâmicas de jogo
Ambas as equipas entraram em campo fiéis às suas ideias de jogo e sem grandes alterações nas dinâmicas de jogo, mudando apenas alguns jogadores. A maior dúvida no Sporting era quem jogava no lugar de Vietto, sendo que o treinador do Sporting optou por não mexer muito da dinâmica e por isso entrou Camacho, que jogou na direita e Bolasie à esquerda.
No caso do Benfica a dúvida era em relação à dupla de médios, tendo jogado Gabriel e Weigl.
Ambas as equipas gostam de assumir o jogo com bola e contruir desde trás, tentando chegar à frente tanto por fora como por dentro para depois em combinações criarem situações de finalização.
Para isso, projetam os laterais (mais altos e em simultâneo, no caso do Benfica), circulam a bola na primeira fase, metem mobilidade nos médios para receber, e fazem os alas partir de posições interiores (no Benfica mais dentro e em apoio, no Sporting movendo de dentro para a linha ou para o espaço).
De resto, as duas equipas estiveram pressionantes e a quererem dominar o jogo. Aliás, a pressão foi uma constante ao longo do encontro, sendo o fator que mais definiu as estratégias e o rumo da partida.
2. A pressão para não deixar jogar
O início mostrou, por isso, um jogo equilibrado e sem grandes momentos ofensivos, pois ambas as equipas optaram por pressionar alto e limitar ao máximo a construção adversária, embora fazendo-o de formas diferentes.
O Sporting, tal como em jogos anteriores, fazia baixar com frequência um médio para o meio dos centrais de forma a construir a três e tendo preparada esta saída para superar a primeira linha de pressão do Benfica com dois (Chiquinho e Vinicius).
O Benfica tinha dois momentos de pressão distintos.
Um era mais agressivo e vertical quando o adversário não organizava linha de três, saltando logo na pressão.
O outro acontecia quando o adversário organizava a tal linha de três, havendo um primeiro momento de espera, com a primeira linha de pressão junta no centro, esperando que adversário circulasse para um central aberto e que este desse indicação que ia conduzir, nesse momento Chiquinho ou Vinícius orientando para fora, não deixando ligar outra vez por trás, e deixando sempre o central adversário com as opções condicionadas pela pressão, o que dificultava muito a ligação entre a linha defensiva do Sporting e os seus médios e avançados.
Além disso, um dos médios do Benfica estava sempre preparado para saltar rapidamente a pressionar no outro médio do Sporting (muitas vezes a receber de costas), levando-o errar e conseguido recuperar várias bolas.
Muito competente e eficaz neste momento, o Benfica foi controlando o jogo ofensivo adversário, sendo surpreendido apenas uma vez com um passe nas costas de Ferro, em que Camanho podia ter inaugurado o marcador.
O Sporting também tentava condicionar a primeira fase adversária, mas com menos eficácia, pressionando muito alto, mas nem sempre de forma tão organizada e sem definir tão bem os timings de pressão.
Além disso, Benfica assumia na primeira parte uma saída a dois perante os dois homens da pressão (Bruno Fernandes e Luiz Phellype), o que permitiu manter os médios mais altos e a equipa foi ligando o jogo com mais facilidade, tendo os médios recebido várias vezes de frente para o jogo e fazendo a bola avançar para o meio campo adversário.
O Benfica esteve por isso mais forte a superar a pressão e a empurrar o adversário para trás, embora com dificuldades para fazer entrar as combinações no último terço e, por consequência, para criar situações de golo
3. Eficácia de Rafa define o resultado do jogo.
Na segunda parte, o jogo manteve o registo, com as equipas a mostrarem mais competência na pressão do que nas soluções ofensivas para a superarem, com poucas jogadas ofensivas de grande qualidade e entusiasmo, mas com o Sporting a melhorar na construção e a encontrar melhores formas de chegar à frente com bola.
Sobretudo a formação leonina teve melhor ligação defesa-médios, com estes com melhor capacidade para se virarem de frente para o jogo e fazendo depois a bola chegar por fora aos extremos para se aproximar da área adversária.
Numa fase em que as equipas começaram a superar melhor a pressão e a conseguir ter mais tempo com bola no meio campo ofensivo, o Benfica fez entrar Rafa, antecipando que podiam existir mais espaços. E sem se verem ainda grande alterações no jogo, Rafa faz o golo num lançamento lateral longo, em que a linha defensiva sportinguista se descoordenou (Acuña ficou parado aberto e nem tentou fechar), após um lance confuso de insistência de Vinicius.
Tal como já havia feito no jogo com o FC Porto, Silas tentou ir em busca do empate, sem mexer muito na estrutura, mas jogando com dois avançados mais juntos e altos, fazendo baixar Bruno Fernandes para zonas de construção, tentando que este tivesse mais bolas.
A partir daí, e pela sua capacidade de passe longo, fazia a bola avançar de forma rápida para o último terço. Mas mais uma vez sem grande sucesso, pois a equipa tinha já pouco critério e pouca capacidade de organização.
Acabou ainda por sofrer mais um golo em mais uma descoordenação da linha defensiva, após uma saída longa do Benfica em que Mathieu disputou a primeira bola e depois, na sequência da jogada, Rafa apareceu sozinho no espaço deixado pelo central do Sporting, sem que este tentasse voltar à posição e sem um ajuste dos colegas.