Youssef Chermiti despediu-se esta sexta-feira do Sporting no mesmo dia em que foi apresentado no Everton com uma entrevista em que destacou os melhores momentos que passou no clube que representou desde os doze anos. Uma «família» com muitos «irmãos» que o jovem avançado não vai esquecer.

«Vou ter muitas saudades da minha casa. O Sporting vai ser sempre um lugar que vou ter no coração. Deu-me tudo, se não fosse o Sporting não teria a oportunidade de rumar ao Everton. Estarei sempre grato por tudo o que o Sporting fez por mim», começou por destacar em entrevista à Sporting TV.

Uma entrevista feita na sala de convívio da Academia Cristiano Ronaldo onde Chermiti passou muitas horas desde a formação até à estreia na equipa principal. «Tive aqui muitos momentos bons com colegas de equipas e da academia. Estar aqui a ter esta conversa agora é um bocado estranho, mas passei aqui momentos com amigos que levo para a vida. Passei aqui muitas horas a jogar Play Station, matraquilhos, ping-pong, tudo», contou.

Chermiti chegou à academia com 12 anos e sai, agora, aos 19. «É difícil explicar, entrei aqui com doze anos, também foi uma mudança muito rápida para mim. Estava nos Açores, vim cá fazer testes em dezembro e, de repente, o senhor Aurélio Pereira disse-me logo que queria que eu viesse para aqui em janeiro. Tive de fazer uma mudança na minha vida muito rápida. O tempo aqui depois parece que passou devagar, mas também de uma maneira muito rápida porque, quando olhamos para trás, parece que passou uma eternidade, mas na realidade passou pouco tempo. Desde que entrei aqui, parece que foi há dias, era um adolescente, mas agora já estou um pequeno homem. Vou sair da minha zona de conforto, mas vai ser bom para mim, para crescer», destacou.

Sete anos em que Chermiti fez muitas amizades. «O Sporting para mim é amor e família. O clube deu-me tudo. Se não fosse o Sporting hoje não teria as oportunidades que tenho. Como já disse, entrei aqui um miúdo e saio daqui um pequeno homem. Cresci aqui com o Mateus [Fernandes] e com o Dário [Essugo], são como irmãos para mim», acrescentou.

A estreia na Luz: «Foi uma semana de loucos»

O avançado recordou depois a estreia na equipa principal, em pleno Estádio da Luz, quando foi chamado para render Paulinho. «Foi uma semana de loucos. Eu estava lesionado, estava a fazer a recuperação na equipa B, de repente o mister chamou-me e comecei a ver que ia ser convocado, mas até achei que era uma ilusão, uma coisa que tinha metido na cabeça. Já tinha acontecido muitas vezes desde os meus 16 anos, o mister chamava-me, eu criava expetativas, mas depois eram falsas. Só tive consciência que ia entrar quando o mister mandou-me aquecer. Ainda voltei para o banco, depois fui aquecer outra vez e entrei. Não senti pressão. Lembrei-me das dificuldades que passei. Só refleti depois quando cheguei a casa e fui ver o jogo», recordou.

Chermiti recordou também o primeiro golo, frente ao Rio Ave, em Vila do Conde. «Não tenho palavras para esse momento. Foi um jogo difícil, estava já à procura de um golo há dois ou três jogos e pensei, tenho de marcar. Quando marquei fui logo ter com os adeptos, depois abracei-me aos meus companheiros», destacou o avançado que, mais tarde, também marcou um golo que «jamais» vai esquecer frente ao FC Porto.

O jovem avançado falou ainda da relação com Ruben Amorim. «O mister já tinha falado comigo várias vezes e disse que na equipa dele quem não corresse não jogava. Na formação não gostava muito de correr, mas a partir daí dei um clique e comecei a jogar mais para a equipa e ganhei capacidade para correr muito em alta intensidade ao longo do jogo. Foi uma das capacidades que consegui obter. Vai ser um mister que vai ficar marcado para a minha vida, foi o mister que me deu a primeira oportunidade para jogar na Liga e de mostrar às pessoas quem é que eu sou. Serei sempre muito grato. É um mister que sabe ter uma relação com os jogadores fora do campo e dentro do campo quer sempre o melhor de ti. É exigente, mas depois também é uma grande pessoa e isso é meio caminho andado para ser um bom treinador», contou ainda.

A fechar a entrevista, Chermiti deixou uma mensagem para os adeptos. «Uma mensagem de agradecimento para os sportinguistas que me acompanharam estes anos todos. O Sporting vai ter sempre um lugar no meu coração, vou ter sempre um carinho muito especial. Se precisarem de mim, não os vou deixar para trás», destacou ainda.