Quando se fala de Futre fala-se com a nostalgia das jogadas de génio do miúdo que aos 17 anos vestiu pela primeira vez a camisola da Selecção AA portuguesa. Mas, nos dias de hoje, falar de Futre já não é só falar do Paulo, daquele que correu o Mundo com o seu futebol e representou os três grandes de Portugal. No fim-de-semana que passou, o seu sobrinho, o Artur, deu nas vistas ao marcar dois dos golos com que o Desp. Aves derrotou o Nacional. Já esta semana, o futebol português deu a conhecer o mais recente jogador da família Futre, o Fábio, o filho do antigo jogador que foi chamado pela primeira vez a um estágio das selecções nacionais.
«Vou tentar ser conhecido só por Fábio», diz o sorridente rapaz de 16 anos poucos minutos depois de ter terminado esta quarta-feira o estágio de dois dias da selecção portuguesa sub-17. No primeiro ano de juvenil no At. Madrid, para onde o seu pai foi jogar quando se aventurou no estrangeiro, este extremo direito foi chamado pela primeira vez para uma equipa nacional portuguesa e não escondeu a alegria de viver esta nova etapa: «fiz o meu melhor e espero poder vir mais vezes. É uma grande felicidade e um grande orgulho.»
O objectivo de voltar parece ter sido atingido, pois, o técnico nacional Carlos Diniz gostou do que viu neste estágio no Jamor. Foram vários os jogadores que foram chamados pela primeira vez para dar «mais soluções» às selecções portuguesas e Fábio Futre passou no teste. «É um jogador que se vê que tem talento, rápido com a bola no último terço do campo», analisou Carlos Diniz acrescentando que será agora tempo de «fazer uma avalização mais a frio» do que foi trabalhado, mas adiantando que o colchonero «irá ter mais uma oportunidade como outros».
Fábio tem nacionalidade portuguesa e espanhola e «sempre disse que representava a selecção que primeiro manifestasse vontade». O primeiro passo foi dado pelos portugueses e, apesar de os espanhóis poderem ainda fazer o convite até aos sub-21, o extremo direito, por enquanto, sorri para as quinas que já envergou no peito: «Agora, só penso na selecção portuguesa.»
«As minhas melhores qualidades são a velocidade e os duelos um-para-um», confessa o jovem Fábio, que recusa, no entanto comparações com o seu pai. Primeiro, porque é o primeiro a reconhecer que «é difícil viver com o peso» do nome: «Como o meu pai há um em mil.» Segundo, porque as ambições ainda são contidas: «Chegar a 50 por cento do que ele foi já seria ser um grande jogador.»
Carlos Diniz refere que a missão dos técnicos é, «por vezes, muito difícil» na missão de potenciar os talentos que existem, pois, «quando se trata de jogadores com 16/17 anos as decisões não são fáceis». «Podemos ver que um jogador tem talento técnico ou táctico», mas, às vezes «há variáveis que não se domina». O técnico nacional adianta assim que «quem soube aproveitar as oportunidades pode vir a ser um jogador» e garantiu que «esta equipa de sub-17 vai ganhar com este estágio». «Foi importante e vai dificultar-nos as escolhas pela positiva», concluiu.