Karl-Heinz Rummenigge, presidente da direção do Bayern Munique, foi indigitado como presidente da Associação Europeia de Clubes em substituição de Andra Agnelli, após a Juventus se ter juntado ao grupo criador da Superliga Europeia. Ora na sequência dessa indigitação, Rummenigge deu uma entrevista ao Corrière della Sera, em que defendeu o fim da Superliga.

O presidente do Bayern Munique começou por responder a Florentino Pérez, que defendeu que a Superliga é a única solução para os grandes clubes fazerem face aos prejuízos enormes provocados pela covid-19 e que se nada for feito nesse sentido até 2024 os clubes entrarão em falência.

«A solução é reduzir custos. Com a Superliga, os clubes tentam resolver o problema das dívidas, que se agravou com a pandemia, mas o caminho não pode ser sempre somar mais e mais receita, e pagar cada vez mais a jogadores e a agentes», garantiu Rummenigee.

«Precisamos de reduzir um pouco as coisas, não colocar mais na mesa. Exageramos nas despesas: todos, sem exceção. É hora de ter um futebol menos arrogante.»

Antecipar o novo modelo da Liga dos Campeões também não será solução, de acordo com o presidente do Bayern Munique.

«Não, não pode ser antecipado, porque os direitos de comercialização foram vendidos. A reforma da competição está confirmada para 2024: na sexta-feira Agnelli também concordou», adiantou o alemão, que não quis, porém, criticar o presidente da Juventus: «Quero falar com ele, mas ainda não consegui apanhá-lo ao telefone. Não conheço os motivos dele e por isso não quero criticá-lo.»

Pelo meio, Rummenigge disse que este não é tempo de criticar ninguém, é altura, sim, de as pessoas se sentarem à mesa e conversarem.

«O importante agora é retomar um certo diálogo. A minha esperança é ainda encontrar uma solução, porque a Superliga prejudica todo o futebol europeu. E devemos evitá-lo. Sinceramente espero que não tenhamos que jogar uma Liga dos Campeões sem Real Madrid, Liverpool ou Juventus, não consigo imaginar isso. Seria um dano enorme, não há dúvida: sem doze grandes clubes a competição seria muito prejudicada», frisou.

«A verdade é que o mercado explodiu no ano do Neymar, mas já estávamos no caminho errado e não é culpa da UEFA e da FIFA. Agora temos uma grande oportunidade para encontrar soluções para voltar a um futebol mais racional. Todas as empresas em Itália, Japão, Alemanha ou Estados Unidos estão a reduzir custos: só no futebol é possível resolver tudo com aumento de receita...»

Por fim, Rummenigge confirmou que o Bayern Munique não fará parte da Superliga.

«Não queremos fazer parte disso. Estamos felizes por jogar na Bundesliga, um negócio 'pão com manteiga', como dizem os britânicos. Estamos contentes por jogar a Liga dos Campeões e não esquecemos a responsabilidade para com os nossos adeptos, que geralmente estão contra estas reformas. E também sentimos a responsabilidade em relação ao futebol em geral.»