O Aves entrou bem na 3.ª fase da Taça da Liga e surpreendeu um Olhanense discreto em quase toda a partida. Óptima sessão de futebol, alguns jogadores com «fome» de bola, concentrados em relação a obrigações maiores e a aproveitar o espírito deste cartaz da Taça da Liga.

Mais do que defender, o Aves soube atacar. A dúvida era se a consistência e organização existiriam ao longo dos 90 minutos.

Com um futebol combatido, a actuação do Aves condicionava e travava a condução lenta dos algarvios. Repetidamente.

A decisão da equipa de Vítor Oliveira procurar assegurar, desde os primeiros pontapés, supremacia sobre o adversário não fora por acaso, aspecto que, por si só, merecerá relevo e reforça a identidade de uma equipa com um futebol simples, bem pensado e articulado, apesar de perder algumas bolas de golo. E adeptos de cabelos em pé, ansiosos, perante a supremacia que era visível.

O desafio das Aves, na maioria do tempo, teve mais cedências defensivas por parte dos algarvios, que colocaram ainda pouca profundidade e baixa potencia nos ensaios atacantes. No plano global, negativamente equilibrados e com menor rendimento, apesar de mais experientes.

O maior abalo para o Olhanense veio pelo flanco direito. A melhor linha de perigo do Aves chegou por intermédio das botas de Luisinho, sem esquecer as correrias de Marco Airosa, o «Maikon» das Aves.

Desde cedo que o perigo circundou a baliza algarvia: Luisinho, em jogada individual, abriu o activo (mostrou classe perante a saída de Veríssimo da baliza). Bisou na partida, após bom remate de Rabiola, que o guarda-redes não conseguiu parar. O padrão permaneceu o mesmo e o Aves esteve mesmo perto do terceiro, quando Vítor Vinha cobrou livre perigoso no correr do pano da 1.ª parte.

Comportamentos corrigidos e perigo à vista no ataque

A cara do jogo mudou e a realidade realinhou-se no início da segunda metade. Era tempo do Olhanense amedrontar com alguns momentos extra. O Aves não terá o potencial do Olhanense e a equipa da II Liga sentiu, por vezes, o indisfarçável peso da superioridade que a formação da Liga apresentou em determinadas ocasiões. Objectivamente, não foram muitos minutos de aflição, agora, o golo de Yontcha (46m) relançou os algarvios, mais poderosos e com mais intenção, quer pela maior frescura, quer a criar alguns lances mais consentâneos com o valor da equipa. Paulo Sérgio assumiu os lances de maior perigo, desenhou o lance para Yontcha reduzir e testou a segurança de Rui Faria com um par de remates bem enquadrados.

Mas o Olhanense não conseguiu reforçar a posição no relvado, já que a expulsão de João Gonçalves inviabilizou uma reacção mais duradoura. Acresce que nos instantes seguintes, Pedro Pereira aproximou o Aves da baliza e marcou um grande golo (3-1). Toy ainda voltou a abanar as redes, aproveitando deslize de João Pedro, mas já era tarde demais.

No 90 minutos e mantendo o padrão durante grande parte do encontro, o Aves desafiou ousadamente a equipa do escalão principal e justificando o resultado.

FICHA DO JOGO:

Estádio do Clube Desportivo das Aves, na Vila das Aves

Árbitro: Jorge Sousa (A. F. Porto)

Assistentes: José Ramalho / José Luís Melo

Quarto árbitro: Nuno Manso

AVES: Rui Faria, Marco Airosa, Tiago Valente, João Pedro, Vítor Vinha, Gonçalo, Júlio César, Marco Cláudio (Lourenço, 66m), Vasco Matos (Pedro Pereira, 57m), Luisinho e Rabiola (Tozé Marreco, 79 m)

Treinador: Vítor Oliveira

OLHANENSE: Bruno Veríssimo, João Gonçalves, Jardel, Maurício (Mexer, 45m), Carlos Fernandes, Fernando Alexandre, Cadú (Ismaily, 35m), Jorge Gonçalves, Paulo Sérgio, Rui Duarte e Yontcha (Toy, 80m)

Treinador: Daúto Faquirá

GOLOS: Luisinho (9m e 36m), Yontcha (46m), Pedro Pereira (73m), Toy (86m)

Disciplina: Cartão amarelo para Maurício (13m), Vítor Vinha (34m), Luisinho (66m), Jardel (70m), João Pedro (76m)

Cartão vermelho: João Gonçalves (70)