Um Sporting renovado na imagem, e tolhido no espírito, adiou durante quarenta e cinco minutos uma vitória que tornou mais longo o caminho para as meias-finais. Paulo Bento aproveitou castigos e lesões para lançar sobre a Académica a motivação de quatro jogadores menos utilizados, mas acabou por colher uma exibição inicial muito pálida.
Faltou raça ao leão. Faltou nervo. Faltou sangue puro. Faltou Sá Pinto, sobretudo. João Alves e Romagnoli, com a companhia de João Moutinho na esquerda, ficaram com a obrigação de criar jogo, mas tropeçaram nos próprios nervos. Romagnoli acumulou erros e perdas de bola, João Alves fugiu das responsabilidades com medo do risco.
O jogo ofensivo que sobrou foi por isso pouco. Duas jogadas de perigo apenas, em toda a primeira parte. Ambas arrancadas pelo inevitável Liedson. Na primeira isolou-se com um passe atrasado de Pedro Silva mal medido, na segunda ganhou espaço depois de um nó cego em Zé Castro. Em ambas as ocasiões rematou forte para boa defesa de Dani.
Ora a Académica motivou-se com tudo isto e jogou taco a taco. Pedro Silva foi quase um extremo na direita, Ezequías correspondeu com descidas frequentes pela esquerda, a equipa carrilou por isso bastante jogo e obrigou o Sporting a refrear os ânimos. Faltou à Briosa apenas mais gente para finalizar perante a forte marcação de Polga a Serjão.
Entra Nani e o Sporting ganha bola
Perante tudo o que tinha sido a primeira parte, Paulo Bento precisava de mudar alguma coisa e tratou então de lançar Nani no jogo para o lugar do inexistente Romagnoli. Mudou bem, portanto. João Moutinho desviou-se para o centro (onde rendeu o triplo do que rendera na esquerda), o jovem recém-entrado colocou-se na esquerda e o Sporting passou então a ter pelo menos dois jogadores que pegassem na bola, que a tratassem com carinho e que assumissem a ousadia de arriscar entregá-la na frente. A equipa cresceu sobre estes bons princípios. Subiu no terreno e criou perigo com mais cadência. Não surpreendeu por isso que cinco minutos depois chegasse ao golo. João Moutinho entrou bem sobre a esquerda e cruzou para o segundo poste onde apareceu Deivid a ganhar de cabeça sobre Pedro Silva para cabecear para golo.
O domínio manteve-se e um minuto depois parece ter ficado por assinalar um penalty por corte com o braço de Hugo Alcântara a um cruzamento de Liedson. Nada de muito grave porque sobre o fim parece ter ficado outro por marcar a favor da Académica por mão na bola de Nani. Enfim, em frente. Para dizer que pouco depois do golo Liedson arrancou em velocidade e libertou a bola no momento certo para Deivid, mas o brasileiro permitiu a defesa de Dani quando seguia isolado. O Sporting perdia uma boa ocasião de arrumar o jogo e dava asas ao adversário. A Académica, que já contava com mais dois avançados em jogo (Joeano e Gelson) dispôs então de três ou quatro remates perigosos aos quais Ricardo se opôs bem. Nada de muito grave. Até porque já nos descontos, e quando Danilo já tinha saído lesionado deixando a Académica com dez jogadores, Nani deu robustez ao resultado com um bom golo.