Foram precisos 75 minutos para que a lei do mais forte imperasse no Estádio da Parteira, em Lordelo, com a Naval, que neste desafio mostrou serviços mínimos, a construir apenas nesse instante a vantagem que lhe permite seguir para os quartos-de-final da Taça de Portugal.
O cabeceamento decisivo de Daniel Cruz disfarçou uma exibição pálida da formação da Figueira da Foz, que mesmo avisada com a eliminação do Leixões, neste mesmo recinto, na ultima ronda da Taça, não estaria a contar com um Aliados tão destemido e regular.
A turma da II Divisão pode sair da prova rainha do futebol português com sensação de missão cumprida e com a certeza de que com mais sorte, num ou outro pormenor, poderia ter superado com sucesso este adversário, que raramente se mostrou superior.
Aliados não se intimidou
A equipa da casa entrou no desafio sem se intimidar com uma Naval que não fez jus ao estatuto de favorita, deixando, nos instantes iniciais, que a formação da II Divisão dominasse o jogo, controlando o meio-campo, e se balanceasse para o contra-ataque.
Logo aos 8 minutos, a formação da casa criou o primeiro lance perigoso, na sequência de uma má decisão do árbitro. Baradji, médio da Naval, fez um alívio defeituoso, que o guardião Peiser recolheu. Cosme Machado considerou o lance como atraso e marcou livre directo na pequena área. Na cobrança do castigo Jorge Lopes rematou contra a barreira.
A turma da Figueira da Foz, surpreendida com a entrada determinada do Aliados, só esboçou uma reacção à passagem do minuto 20, com Tandia e, mais tarde, Bolívia a gizarem um par de remates, mas sem grande perigo.
A equipa da casa respondia, nesta fase, em contra-ataque, revelando-se novamente mais perigosa. Filipe, de cabeça, testou os reflexos de Peiser, num lance que expôs fragilidades defensivas dos visitantes.
As diferenças de escalões entre as duas formações não se notavam, e por isso não surpreendeu que só aos 41 minutos a Naval tenha protagonizado a sua jogada mais incisiva, com Tandia, num remate acrobático, a falhar por pouco o alvo.
Daniel Cruz acaba com o equilíbrio
Esperava-se uma melhor réplica dos comandados de Augusto Inácio no segundo tempo, mas os primeiros minutos da etapa complementar acabaram por redundar em batalhas infrutíferas no meio-campo.
O Aliados sentia-se confortável nesta situação, controlando os ténues ímpetos ofensivos dos visitantes, para depois espreitar o contra-ataque, onde a velocidade dos seus avançados causava dificuldades aos defensores figueirenses.
O equilíbrio reinante acabaria, no entanto, por ser desfeito a 15 minutos do final, com Daniel Cruz, a colocar a Naval nos quartos-de-final. Na sequência de um canto, um cabeceamento do defesa não deu hipótese a César.
Com pouco tempo para reagir, o Aliados ainda mostrou que iria discutir a eliminatória e, em dois lances, chegou mesmo a ameaçar um adversário, que nos instantes finais usou a experiência para segurar o 1-0, que tem sabor amargo para os nortenhos.
Ficha:
Estádio da Parteira, em Lordelo
Espectadores-1000
Árbitro-Cosme Machado (AF Braga)
Aliados de Lordelo: César, Rui Costa, Filipe, Correia, Pedrinho, Festas, Jorginho, Jorge Lopes (Toninho, 78), Cerejo (Hernâni, 74), Bezu (Wagner, 24) e Fernandes.
(suplentes não utilizados: Adriano, Poeira, André, Montenegro e Chiquinho)
Naval: Peiser, Carlitos, Gómis, Real, Daniel Cruz, Lazaroni, Alex Hauw (Michel Simplício 69), Baradji, Bolívia, Tandia (Davide, 85) e Camora
(suplentes não utilizados: Jorge Baptista, Lupède, Diego Ângelo, José Mário e Kerrouche)
Ao intervalo: 0-0
Golos: 0-1, por Daniel Cruz (75m)
Disciplina: Cartão Amarelo: Gomis (11); Jorginho (44), Correia (58), Carlitos (61), Alex Hauw (62), João Real (90)