O Arouca fez o que lhe competia, em teoria, em Felgueiras. Segue em frente na Taça de Portugal, voltando aos triunfos depois de duas derrotas consecutivas, mas passou um mau bocado frente ao emblema da Liga 3, e apenas conseguiu agarrar o triunfo nos descontos, em lances de bola parada.
O resultado final (1-3) até pode espelhar alguma facilidade, ou domínio, do Arouca em Felgueiras, mas a verdade é que apenas com golos de Eboué e Mujica – na sequência de um canto e de penálti, respetivamente – já nos descontos o conjunto de Daniel Ramos consegue vencer a equipa do terceiro escalão.
Resultado inglório para o Felgueiras, mais uma vez, numa espécie de sina dos felgueirenses nos últimos anos, que têm recebido equipas do principal escalão, têm deixado boa imagem – como aconteceu na época passada com o Sp. Braga, em que também perderam na reta final do encontro num lance de bola parada – mas, a eliminação tem sido uma realidade.
Mais aguerrida, mais compacta e, sobretudo, mais alegre a equipa do Felgueiras transportou para a Taça de Portugal, mesmo frente a um primodivisionário, a cultura de vitórias que tem sido notada na Liga 3, em que é líder da Série A. Vindos de seis triunfos, os felgueirenses entraram melhor em campo.
O Felgueiras foi, claramente, o destaque frente a um Arouca amorfo, talhado para contragolpes, mas que esta noite teve de assumir o jogo, em virtude do estatuto de equipa do principal escalão do futebol português a jogar em casa de uma equipa de terceiro escalão. Sentiu-se, contudo, desconfortável nesse papel.
Depois de um primeiro aviso de Cristo González, com um remate à meia volta ao lado, pertenceram ao Felgueiras os principais lances de perigo da primeira metade, com destaque para a perdida clamorosa de Tamble já nos descontos. Ataque bem gizado pelo lado esquerdo, com Feliz a fazer o cruzamento, bastava encostar, mas o avançado fez o mais difícil. Perdida incrível antes do descanso.
Uma perdida que teve um sabor ainda mais amargo quando, ao terceiro minuto do segundo tempo, o Arouca passou para a frente do marcador. Estreia a marcar de Trezza, com um remate cruzado, a fazer prevalecer o estatuto no Estádio Dr. Machado Matos com o conjunto de primeira a chegar ao golo.
Mas, o Felgueiras não entregou as armas, nem desmoronou. Continuou na mesma tomada e, a meio da segunda metade chegou à igualdade. Léo Cá precisou apenas de quatro minutos em campo para abanar as redes, correspondendo da melhor forma a um cruzamento de Ktatau no lado esquerdo.
Pairava no ar o espectro do prolongamento. Até que duas bolas paradas resgataram o Arouca já no período de sete minutos de desconto concedido por Artur Soares Dias. Pedro Santos, que entrou e mexeu com o jogo, bateu o canto para Eboué desfazer a igualdade. Da marca dos onze metros, a assinalar falta de Afonso Silva, Mujica desfez as dúvidas.
Segue em frente o Arouca, vence, mas não convence em Felgueiras. A equipa da Liga 3 volta a cair de pé, com boa imagem, mas sem fazer a festa da Taça.