O Trofense sucumbiu nas grandes penalidades (2-4) perante o Vitória de Setúbal, após um nulo em cento e vinte minutos de jogo. Os sadinos tiveram de suar muito para se superiorizar a um excelente conjunto do Trofense, organizado e que nunca se fez rogado na hora de praticar bom futebol. Depois de uma primeira parte sofrida em que valeu Pedro Trigueira para manter a baliza inviolada, uma segunda parte de bom nível não foi suficiente para impedir o prolongamento e, posteriormente, as grandes penalidades. Na lotaria dos penáltis, a vitória sorriu aos forasteiros, muito por culpa de Trigueira que parou dois.

Para este jogo a contar para a 3ª eliminatória da Taça de Portugal, José Couceiro apresentou cinco alterações em relação à última partida dos sadinos - derrota no Bonfim perante o Marítimo. Entraram Pedro Trigueira, Bonilha, Thiago Santana, Vasco Costa e Zé Manuel em detrimento Bruno Varela, Fábio Cardoso, Mikel Agu, João Amaral e Ruca, sendo a maior surpresa a colocação de Nuno Santos, um extremo de raiz, a lateral esquerdo.

Primeira parte de papéis invertidos

Quem esperava um jogo com o Vitória em ataque organizado a tentar furar as linhas defensivas da equipa da Trofa enganou-se. Muito pelo contrário. O Trofense assumiu as despesas do jogo, sob a batuta do capitão Hélder Sousa (que classe!), e através de um futebol apoiado e de passe curto camuflou as diferenças entre as duas equipas e colocou os sadinos em sentido. Aliás as melhores oportunidades do primeiro tempo pertenceram à equipa da casa. Primeiro foi por intermédio de um remate de Alexandre que Geraldes desviou para a própria baliza, valeu uma defesa fantástica de Pedro Trigueira, em seguida através de um livre cobrado de forma exemplar por Ricardo Fernandes ao qual o guarda-redes sadino se opôs de forma brilhante.

O Vitória de Setúbal, remetido ao seu meio-campo, tentava aproveitar as linhas subidas da equipa do Campeonato Nacional através da velocidade de Zé Manuel e de André Claro para dessa forma, tentar criar perigo junto da baliza de Kadú. A estratégia delineada para esta partida pareceu não surtir efeito, tendo em conta que só através de lances de bola parada os vitorianos se aproximaram da baliza da equipa de Bruno Pereira. Urgia-se uma mudança no conjunto sadino ou corria-se o risco de se assistir a uma surpresa.

E o intervalo fez bem aos vitorianos. Foi um Vitória de ‘cara lavada’ aquele que surgiu no segundo tempo. A equipa de José Couceiro subiu as linhas, aumentou os níveis de intensidade e agressividade e empurrou o Trofense para o seu meio-campo defensivo. E começou a criar ocasiões de golo praticamente de forma consecutiva. Zé Manuel por duas vezes e Thiago Santana não foram capazes de materializar o domínio de jogo da equipa forasteira. O Trofense limitava-se a defender e parecia muito desgastado para tentar contrariar o ascendente dos visitados, remetendo-se em certos momentos do jogo à sua área defensiva.

Barra da baliza de Kadú dita prolongamento

A melhor e derradeira oportunidade dos sadinos no período regulamentar saiu dos pés de João Amaral que tinha entrado para o lugar de Vasco Costa. Num canto batido à maneira curta, o camisola 24 do Vitória disparou um pontapé fortíssimo e pleno de colocação à baliza de Kadú com a bola embater com estrondo no travessão. Foi o canto do cisne para a equipa do Bonfim que se viu obrigada a ‘horas-extras’ nesta deslocação ao Norte do país.

O prolongamento trouxe um Trofense com novo fôlego e disposto a alimentar o sonho de seguir em frente na Taça de Portugal e um Setúbal à procura do golo que evitasse o desempate da marca de grandes penalidades, embora sem correr grandes riscos. Os trinta minutos do prolongamento trouxeram um jogo quezilento, com demasiadas paragens onde houve pouco espaço para futebol. Ainda assim, a melhor oportunidade desta etapa teve a autoria de Ryan Gauld, última aposta de José Couceiro. O jovem emprestado pelo Sporting recebeu à entrada de área e disparou forte com a bola a passar perto da baliza à guarda de Kadú. De seguida, o árbitro apitou para o final da partida.

Trigueira assume papel de herói e coloca Vitória na próxima ronda

No desempate por grandes penalidades prevaleceu a lei do mais forte. Trigueira assumiu o papel de herói e parou as tentativas de João Matos e de Mica e colocou o Vitória na 4ª ronda da prova rainha do futebol português. O Trofense caiu de pé e vendeu muito cara a derrota. E acima de tudo, deixou a ideia de que nas divisões inferiores de Portugal há qualidade e muito boas ideias.

FICHA DE JOGO

Estádio Desportivo Clube Trofense, Trofa 

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

Assistentes: Tiago Costa e Bruno Rodrigues.

Quarto árbitro: Hugo Pacheco

TROFENSE: Kádu; Edu, Cléber, Mica e João Neto (João Santos 71m); Ricardo Fernandes, Alexandre e Hélder Sousa; Diogo Firmino (Rafael Silveira 84m), Carter (Pedro Matos 66m) e Anthony.

Suplentes não utilizados: Nuno Silva, Hugo Silva, Fabiano e André Viana.

Vit. Setúbal : Pedro Trigueira; Geraldes, Venâncio, Vasco Fernandes e Zé Manuel; Fábio Pacheco, Bonilha e Vasco Costa (João Amaral 77m); Thiago Santana (Meyong 67m), André Claro (Ryan Gauld 97m) e Nuno Santos

 Suplentes não utilizados: Bruno Varela, Fábio Cardoso, Mikel Agu e Ruca.

Disciplina: Alexandre (58m), Diogo Firmino (70m), Frederico Venâncio (79m) Cléber (83m), Pedro Matos (90m), Bonilha (100m), Rafael Silveira (114m), Kadú (117m)