Foi a primeira Taça de Portugal decidida na marcação de pontapés da marca de grande penalidade. E foi de forma natural que esta decisão se sucedeu a muita emoção e sofrimento sentidos nos 120 minutos precedentes. Mas, no meio de tanto coração que acabou por ser demostrado pelo triunfante Sporting, não quer dizer que não tenha havido muitos números, dos quais também faz parte bastante integrante o finalista Sp. Braga.

A pouco mais de meio da primeira parte, a equipa minhota já estava a ganhar por 2-0. À passagem do quarto de hora, os leões passaram a jogar com dez jogadores. Estes dois momentos de jogo refletem bem como a intensidade emocional e a frieza das estatísticas podem coexistir – como coexistiram – num espectáculo de futebol como o que se viu neste domingo.

O Sporting teve mais iniciativa, teve mais bola (numa relação de 51%-49%). O Sp. Braga teve mais clarividência, superiorizou-se taticamente. E os minhotos foram, sobretudo, mais eficazes. Os bracarenses fizeram dois golos nos seus dois primeiros remates no jogo, num total de três que fizeram na primeira parte. Os leões foram muito mais rematadores – em qualquer dos tempos – para obterem os mesmos resultados em golos, como exibe a análise do Centro de Estudos do Futebol da Universidade Lusófona aos primeiros 90 minuto de jogo para o Maisfutebol.

Para fazer os mesmos dois golos em 120 minutos, o Sporting totalizou 20 remates, enquanto o Sp Braga fez apenas 13. A equipa de Sérgio Conceição foi mais clarividente na gestão das operações em consequência de passar a ter mais um jogador em campo logo a partir dos 15 minutos. A defesa mais baixa dos minhotos (a ganharem desde cedo por um e por dois golos de diferença) obrigaram a equipa de Marco Silva a esticar mais o jogo e a perder muito mais a bola no seu meio campo.





A estratégia do Sp. Braga de estancar o domínio consentido ao Sporting funcionou em pleno com o contra-ataque em complemento e explorando, em especial, o lado direito do Sporting na primeira parte – por onde construiu os dois golos – e, na segunda parte, mais pelo corredor esquerdo dos leões. A primeira grande reação leonina mostrou-se no último quarto de hora do tempo inicial, mas a toada mais agressiva dos minhotos segurou a vantagem até ao intervalo.

O Sp. Braga cometeu o dobro das faltas do Sporting no total do jogo numa relação de 28 para 14. Cédric viu o único cartão vermelho do jogo no lance da grande penalidade que deu o primeiro golo do jogo, mas não houve mais qualquer advertência para um jogador leonino. O Sp. Braga teve cinco jogadores com cartão amarelo – um deles com dois, que acabou expulso: Mauro.

No segundo tempo, a equipa minhota dominou mais o jogo e equilibrou os índices estatísticos finais nas bolas paradas. Mas houve uma caraterística bracarense que sobressaiu: o contra-ataque a partir de bolas paradas a favor do Sporting – como o melhor exemplo foi o segundo golo dos bracarenses na primeira parte.



A alma sportinguista para agitar o equilíbrio dos números que os minhotos iam conseguindo abalou tudo o que o Sp. Braga foi construindo para levar a taça para casa. Os leões pareciam estar dominados na segunda parte; só conseguiram o seu primeiro remate aos 70 minutos. Foi um mote para mais um último quarto de hora a forçar a desvantagem de números no marcador e no terreno.

Em nove minutos (entre os 84 e os 93), foi a vez de a equipa do Sporting ser letal nas oportunidades que teve por entre a defesa bracarense – como tinha acontecido inversamente na primeira parte. Garantido o empate e empatado o prolongamento, os leões inverteram também a tendência de rematar mais sem os mesmos golos e foram inequivocamente mais eficazes quando a estatística ficou para decidir na marca de grande penalidade. O Sporting precisou apenas de três penáltis para ganhar a Taça quando o Sp. Braga a perdeu ao quarto.