O presidente da Federação Portuguesa de Ténis (FPT) reconhece que, neste momento, não há condições para criar um campeão da modalidade em Portugal, mas considera que essa realidade pode ser revertida com «uma academia forte».
«Neste momento acho que não há condições [para criar um campeão], espero que dentro de quatro anos as consigamos ter. Temos um Centro de Alto Rendimento, que funcionou num modelo em que não nos revemos. Queremos ter um projeto que, nos próximos quatro anos, nos deixe ter uma academia que permita aos nossos atletas de maior nível não ter de ir lá para fora, com custos acrescidos», explicou Vasco Costa à Lusa.
Eleito presidente da direção da FPT para o próximo quadriénio em outubro, o dirigente apontou os motivos pelos quais Portugal nunca conseguiu ter um número um mundial. «O problema não são os treinadores, é o modelo competitivo. Estamos a competir com outros países que têm uma cultura desportiva que se reflete nos horários escolares e esse é um handicap que se reflete nos atletas portugueses. Tem de haver aqui um projeto conjunto de todas as federações para haver uma escola que seja adaptada às necessidades de cargas horárias dos treinos de atletas de alta competição», defendeu.
Para Vasco Costa, o segredo é «começar tudo de baixo», ou seja, ir às escolas recrutar, fomentar a inscrição nos clubes, preencher a lacuna em termos de calendário competitivo no escalão dos 18 aos 22 anos e promover a realização de futures». «Se fizermos um future em Portugal, podemos ter 60 jogadores nossos a jogar e, se tivermos de apoiar dois ou três para ir lá fora, se calhar, gastamos o mesmo dinheiro», fez notar.
O dirigente quer ainda aumentar o número de filiados, já que, no panorama luso, «o ratio de praticantes versus filiados é cerca de dez por cento», uma percentagem pequena para uma modalidade que tem entre 250 a 300 mil praticantes. Quem pode desempenhar um papel importante para alcançar essa meta são os cinco tenistas portugueses que já estiveram no top 250.
«Quando há um ídolo, isso poderá ter resultado a curto e médio prazo no número de praticantes», afirmou Vasco Costa, referindo-se a João Sousa, Frederico Gil, Gastão Elias, Rui Machado e Pedro Sousa. O novo presidente da FPT acredita que pode ver estes cinco ou outros entre a elite: «Não é fácil, porque o circuito é muito competitivo, exige muitos sacrifícios, mas gostaria que no futuro próximo, dois, três anos, tivéssemos quatro, cinco atletas no top 100».
Vasco Costa gostaria ainda de ver um novo torneio, do nível do Estoril Open, no calendário nacional. «Há espaço para outro torneio, mas a dificuldade, nesta conjuntura económica, é arranjar patrocinadores que possam trazer para Portugal outro evento dessa categoria», defendeu, elogiando o evento organizado por João Lagos, considerado «dos melhores do mundo da categoria [250]».