Nascido no Brasil, mas neto de um transmontano, Tiago Ribeiro é advogado de formação. Exerceu dois anos em São Paulo mas depois foi para Paris tirar uma especialização em direito internacional privado e um mestrado em economia do desporto. Trabalhou para o Comité Olímpico Francês, na organização dos Mundiais de Atletismo, mas depois voltou ao Brasil por motivos pessoais.
Tornou-se então representante de jogadores, mas em 2008 foi contratado pela Traffic. Menos de dois anos depois foi enviado para Portugal com a missão de liderar o futebol profissional do Estoril e representar a empresa brasileira na Europa. Uma dupla tarefa que, na opinião do próprio, é perfeitamente compatível.
«A minha atividade principal é no Estoril. Quando a Traffic é detentora dos direitos de um jogador eu falo com os empresários. Quando não há direitos da Traffic, quando a empresa é apenas representante do jogador, a minha participação é agora física. Como vivo em Portugal posso fazer alguma diligência e não é preciso vir alguém do Brasil, mas tudo é tratado pelo Frederico Pena», explica Tiago Ribeiro ao Maisfutebol.
«Não vejo onde possa existir incompatibilidade», reitera. «O Estoril tem o Leandro emprestado ao Trofense e o Erick ao Portimonense. Pode negociá-los. O presidente do Benfica pode negociar os direitos do Oblak, que está emprestado ao Rio Ave. Não há incompatibilidade. Isso é hipocrisia. Não consigo ver o conflito», reforça.
Tiago garante, de resto, que os líderes dos outros clubes do principal escalão não têm levantado problemas. «Não tenho sido confrontado com isso. Se for vou responder da melhor maneira. A minha prioridade é o Estoril. O resto é mais uma questão física», sustenta.
A agenda diária é gerida de acordo com esta hierarquia, mesmo que tenha de ir ao estrangeiro tratar de assuntos da Traffic, como aconteceu nos últimos dias do mercado de Inverno, quando o Sporting tentou contratar Paulo Henrique ao Trabzonspor. «O Estoril não fica parado. Temos uma estrutura muito competente e com a tecnologia fica fácil comunicar. Falo com o Marco Silva e com o Mário Branco (ndr. diretor desportivo). Posso tratar das questões administrativas em qualquer lado», defende.
Quando se trata de procurar jogadores para o Estoril, Tiago Ribeiro reconhece que «é natural olhar primeiro para a Traffic». «A empresa não serve para complicar mas para facilitar. Temos o exemplo do Evandro, que estava no Estrela Vermelha. O plantel tinha uma necessidade e ele está ligado à Traffic há muito tempo, pelo que era natural que viesse ele. Vamos sempre olhar para o lote da Traffic. Da mesma forma que o Rio Ave olha para a Gestifute, por exemplo, com quem tem agora uma ligação», argumenta.