«Foi há trinta anos», lembra Ubaldo Matildo Fillol em conversa com o Maisfutebol. «El Pato», um dos melhores guarda-redes da história do futebol argentino, não esquece o dia em que a sua selecção chegou ao topo do Mundo, conquistando um título que ia fugindo a um país com inigualável tendência para criar génios.
No XI Campeonato do Mundo, em 1978, a Argentina recebeu a prova nas cidades de Buenos Aires, Rosario, Mar del Plata, Córdoba e Mendoza. A nação vivia em sobressalto, mas uniu-se em torno do futebol. Jogando em casa, a vitória não poderia fugir de novo. A equipa de César Luis Menotti superou a França e a Hungria, apurando-se apesar do desaire frente à Itália.
«A glória ou nada»
Na segunda fase de grupos, a Argentina empatou com o Brasil mas esmagou o Peru num encontro polémico (6-0). Seguia-se a final, a Holanda de Ruud Krol, Johan Neeskens ou Rob Rensenbrink. Mario Kempes abriu as hostilidades, a «celeste» exultou, mas Nanninga viria a empatar ao minuto 82, forçando o prolongamento. Temor.
«Naquele momento, ficámos com algum receio, reconheço. Como se diz aqui, é a glória ou nada. Estávamos a jogar em casa, a Argentina, mesmo o próprio país, precisava daquela alegria. Pensei que a bola nunca mais poderia entrar na minha baliza. Felizmente, no prolongamento, Kempes e Bertoni (3-1) concretizaram o nosso sonho. Finalmente, a Argentina campeã do Mundo», recorda Ubaldo Matildo Fillol, que participou em três Mundiais (1974, 1978 e 1982)
Brasil ou Argentina? A FIFA que o diga
O guarda-redes representou os maiores clubes da Argentina, bem como o Flamengo (Brasil) e o Atlético de Madrid (Espanha). Venceu vários títulos, mas não esquece o dia em que a «celeste» chegou ao topo do Mundo. Havia Daniel Passarella, Alberto Tarantini, Osvaldo Ardiles e Mario Kempes, mas ainda não tinha chegado Maradona.
«Tínhamos uma equipa muito forte, penso que fomos justos campeões. É preciso não esquecer que a Argentina só foi campeã do Mundo mais uma vez, em 1986, mas esse foi o Mundial de Maradona», diz Fillol, entre sorrisos.
Depois do «Mundial dos papelinhos», expressão que correu pelos cafés para designar a prova de 1978, e o México86, a Argentina nunca mais chegou ao trono. Produz talentos em catadupa, empolga os adeptos, mas falha na hora da verdade. Porquê? Ninguém sabe. «São mistérios, algo que não se consegue perceber verdadeiramente. Há que ter paciência e continuar a tentar», diz o actual treinador de guarda-redes da selecção.
«Temos grandes jogadores, como sempre tivemos, e estamos num constante processo de renovação da selecção. Basile é um grande treinador e os argentinos devem acreditar que ele vai conseguir recuperar a glória do passado», remata Ubaldo Matildo Fillol. Face à derradeira provocação do Maisfutebol, recorre à FIFA, entre gargalhadas. Quem é melhor, Brasil ou Argentina? «Olhe, o que sei é que a FIFA colocou a Argentina no primeiro lugar do ranking. Eles lá sabem...»