Aquela velha máxima do «Tem cuidado com o que desejas» assenta bem neste FC Porto de Paulo Fonseca. Se as principais críticas à equipa de Vítor Pereira se centravam na falta de emoção em muitos dos jogos, este ano há emoção a rodos e ninguém pode dar nada por adquirido. Mas, pese a vitória, muito provavelmente, não seria este tipo de adrenalina que os portistas estariam à espera.
O embate com o Marítimo é, assim, mais um capítulo da montanha russa que tem sido, este ano, o FC Porto, com altos e baixos, surpresas ao virar da esquina, relevações e desilusões.
No final, triunfo suadíssimo (3-2), arrancado com um pénalti nos descontos de uma história com tanto, mas tanto para contar. Para já, a notícia: FC Porto-Benfica nas meias-finais da Taça da Liga.
Agora o jogo. Mais até do que o resultado, os 90 minutos espelham exatamente esse estilo carrossel descontrolado que há muito não se via por estes lados. O FC Porto atacou muito e atacou mais. Foi mais perigoso. Mas, apesar disso, o Marítimo quase nunca pareceu verdadeiramente desconfortável. O que diz muito.
Mesmo com uma estratégia alternativa, que não contemplava alguns dos jogadores mais vezes utilizados, Pedro Martins emperrou a máquina portista que Fonseca via em crescendo desde a derrota na Luz.
Defendeu e contra-atacou. A velha receita de qualquer equipa que admite, sem problema, que é inferior ao rival e tem, por isso, de o travar com tática. Nem sempre resulta, mas há dias assim. E hoje esteve quase a ser o dia.
Jackson abre o carrossel com muita classe
O FC Porto deu o mote ao marcar primeiro, num lance delicioso de Jackson. Mais do que o golo, na recarga a uma defesa incompleta de Wellington, foi o calcanhar que isolou Defour a ficar na retina.
Carlos Eduardo, lembrando a «Guerra dos Golos» com o Sporting para decidir quem seguia em frente, pegou na bola e colocou-a no círculo central. O FC Porto queria mais. O Marítimo não esteve pelos ajustes.
Na resposta veio o empate, num lance parecido com o do tento inaugural. Fidelis rematou de fora da área, Fabiano defendeu como pôde e o lateral João Diogo, sozinho, empatou.
Duro golpe? Então e o segundo? Um contra-ataque como vem nos livros conduzido por Danilo Dias e finalizado por Artur fez a reviravolta e o escândalo no Dragão. Antes do intervalo, o FC Porto ainda perdeu Fernando, por lesão, e pouco criou para voltar a fazer o empate.
De Penafiel, as notícias já tinham sido melhores: o Sporting até esteve a perder, mas já empatava. Viria a dar a volta e a obrigar o FC Porto a ganhar ao Marítimo. O problema mais bicudo, pois claro.
Fonseca arrisca e é, finalmente, feliz
Paulo Fonseca arriscou tudo, com Ghilas e Quintero por Defour e Maicon. O FC Porto massacrou sem critério, ficou a pedir penalty num lance, no mínimo, duvidoso com Carlos Eduardo e viu Quaresma, muito apagado no primeiro tempo, tentar inventar um par de jogadas que trouxessem a confiança de volta à equipa.
Depois, o Marítimo até foi quem esteve mais perto de voltar a marcar, em dois lances de Danilo Dias, mas Carlos Eduardo, ao segundo poste, emendou de cabeça um canto, a cinco minutos do mim. Trouxe a esperança. Mais emoções, portanto.
Mas não ficava por aqui. Ghilas, um dos que saiu do banco, ganhou a Igor Rossi em corrida e o central, que tinha estado certinho até então, agarrou-o. Penalti e expulsão. Josué não falhou e atirou o Sporting, que até já tinha terminado o seu jogo em Penafiel, para fora da Taça da Liga.
Mesmo em 2014, os descontos ainda dão jeito ao FC Porto…
Queriam emoção? Ela aí está…
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