Falar de um jogo grande, de um clássico da Premier League, dificilmente se traduz num encontro entre o 6º e o 9º classificados. Mas é isto que acontece este domingo em White Hart Lane. David Moyes e André Villas-Boas são dois treinadores em apuros, numa época em que o Manchester United ocupa o 6º lugar na tabela (já esteve bem pior), e o Tottenham o 9º (em queda acentuada), separados apenas por um ponto.

A semana em que muito se falou na possibilidade de André Villas-Boas ser despedido dos Spurs, depois da goleada sofrida com o Manchester City, foi aquela em que a goleada conseguida pelos Red Devils em Leverkusen veio atenuar a pressão sobre David Moyes. Por isso, para os dois treinadores, a vitória no domingo é de extrema importância. Villas-Boas e Moyes ainda não se encontraram esta época, mas já se defrontaram outras vezes, em clubes diferentes. Já lá vamos. Primeiro, vamos falar no percurso das duas equipas nesta época.

Goleadas do City são o ponto em comum num caminho acidentado

Após 26 anos sob o comando de Alex Ferguson, o banco do Manchester United conheceu um novo treinador. David Moyes deixou o Everton, onde esteve durante 11 anos, para assumir os Red Devils. A pressão era muita, mas ninguém esperaria que, no arranque da 13ª jornada, estivesse a 7 pontos do líder.

Um empate com o Chelsea em casa (0-0), logo na segunda jornada, até poderia não ser grande sinal de problemas, se não viesse, logo na jornada seguinte, uma derrota em Liverpool (1-0). Era um começo com o pé esquerdo para o treinador escocês. Na quinta jornada veio a maior humilhação: uma goleada por 4-1 em casa do rival, no dérbi de Manchester.

A 6ª jornada trouxe uma derrota em casa com o West Brom (1-0), e no regresso a casa (à jornada 8), um empate com o Southampton (1-1). Na jornada passada, novo empate, desta vez fora, com o Cardiff City (2-2).

Villas-Boas não tem tido vida mais fácil. O português, dispensado do Chelsea em março de 2012, voltou à Premier League pela porta do Tottenham e teve uma época semi-tranquila no ano passado, conquistando um 5º lugar, mas ficando à porta da Liga dos Campeões. Muito graças a Gareth Bale, cuja venda milionária ao Real Madrid permitiu um investimento forte e ambicioso no verão. Um lugar nos quatro primeiros manteve-se como ambição natural. Só que, depois de um arranque interessante, as coisas já não estão a correr bem.

O Tottenham empatou com o Chelsea (1-1) na jornada 6 e com o Everton (0-0) na jornada 10. Perdeu com o Arsenal (1-0), com o West Ham em casa (3-0) na jornada 7 e com o Newcastle em casa (1-0) na jornada 11. Na jornada passada chegou a pesada goleada em Manchester frente ao City: 6-0.

Confrontos passados

Agora sim, vamos aos números dos dois treinadores. São equilibradas as estatísticas nos jogos entre David Moyes e Villas-Boas. Em outubro de 2011, estava o português no Chelsea, os Blues venceram em casa o Everton de Moyes para a Premier League, por 3-1. No mesmo mês, voltaram a encontrar-se para a Carling Cup, com uma vitória do Chelsea, novamente em casa, por 3-2.

Em fevereiro de 2012, pouco tempo antes de Villas-Boas ter sido dispensado do Chelsea, os Blues perderam por 2-0 com o Everton, em Liverpool.

Já com o português ao comando do Tottenham, em dezembro, a equipa de André Villas Boas perdeu em Goodison Park perante o Everton por 2-1. E da última vez que ambos se encontraram, em abril de 2013, os toffees foram a White Hart Lane empatar 2-2, numa altura em que a luta pela última vaga para a Liga dos Campeões estava acesa. O português acabaria por levar a melhor no final da época.

No que diz respeito aos jogos entre Manchester United e Tottenham, o equilibrio mantém-se nos jogos em White Hart Lane, sendo que em Old Traford, mandam sobretudo os Red Devils.

Vitórias moralizadoras

A jornada europeia trouxe ânimo a ambas as equipas. O Manchester United goleou na Liga dos Campeões o Bayer Leverkusen por 5-0, naquela que foi para David Moyes «a melhor exibição» dos Red Devils desde que assumiu o comando. «E ainda há mais por chegar», avisou, após um jogo que marcou o regresso aos golos de Nani.

Na Liga Europa, André Villas-Boas viu o Tottenham vencer na Noruega, diante do Tromso, por 2-0. O português lembrou que «o adversário no próximo domingo é o maior possível». Mas frisou: «Para nos preparamos para esse jogo era importante voltar a ganhar e fizemos isso de uma forma sólida».

Tottenham-Manchester United é um jogo que promete aquecer a hora de almoço de domingo, mas, mais do que isso, tem potencial para influenciar de forma drástica o futuro do treinador vencido.