O Benfica foi até Paços de Ferreira para completar o seu percurso rumo ao Jamor. Nova incursão a norte, novo triunfo. Terceiro jogo acima do Douro, terceira ocasião para Salvio e Lima resolverem. Marcaram ao Moreirense e ao Sp. Braga, juntaram-se agora para abater a resistência pacense.

Jesus fica mais perto do seu sonho : o regresso à final da Taça. Este é também lado negro do mercado de janeiro. Vítor, o maestro local, não conseguiu afastar-se dos rumores em torno do interesse encarnado. Perdeu a cabeça e foi expulso. Pouco depois, Ola John confirmou o triunfo (0-2).

Encarnados em quatro frentes, sem vacilar. Liderança repartida na Liga, com desvantagem no goal average, Jamor bem encaminhado, meias-finais da Taça da Liga. A despromoção para a Liga Europa foi a má notícia da época.

Autocarro com excesso de rodagem

Em nove dias, terceiro jogo consecutivo do Benfica no norte do país. Um par de triunfos importantes no momento de viragem do campeonato português, embora a vitória em Braga tenha sido insuficiente para segurar o primeiro lugar, face à goleada do F.C. Porto.

Em Moreira de Cónegos, o autocarro encarnado começou a denotar cansaço pelas viagens e obrigou a reparação no local. Na visita ao Estádio AXA, momentos de inspiração para resolver o problema na etapa inicial, garantindo motivos de festejo no regresso a Lisboa.

Seguiu-se o percurso até Paços de Ferreira, casa da equipa sensação da Liga. Uma sensação consolidada, mais que fruto do acaso.

Uma meia-final de dois meses e meio

Reuniram-se ingredientes para um duelo de qualidade, embora o calendário competitivo retirasse a derradeira emoção ao encontro. Saber que há dois meses e meio entre os dois jogos da meia-final atrapalha o raciocínio. A lógica, até.

Jorge Jesus voltou a apresentar o seu rodízio, com quatro novidades no onze. Regresso de Garay após lesão, gestão do desgaste de Maxi com a entrada de André Almeida, oportunidade para a promessa André Gomes e um prémio para a continuidade de Aimar na Luz.

Paulo Fonseca mudou menos (Diogo Figueiras substituiu Tony, um virtuoso por um lutador) e, talvez por isso, viu o seu Paços entrar por cima no jogo. O treinador mostrou-se contra estas meias-finais a duas mãos, sabendo que é bem mais difícil surpreender um grande em dois jogos.

O Benfica, aliás, entrou com essa convicção e deixou-se estar.

Ao sétimo minuto de jogo, Cícero agradeceu essa complacência, após passe soberbo de Josué. O avançado agradeceu e retribuiu a preceito, tropeçando quando tinha apenas Artur Moraes pela frente. Hurtado, pouco depois, seguiu o guião.

O P. Ferreira foi perdendo ânimo, enquanto o Benfica reforçava a ideia : o talento individual bastaria para combater a superior motivação do adversário. O pensamento das unidades encarnadas materializou-se. A fórmula repetiu-se com uma naturalidade impressionante : Salvio e Lima resolveram em Moreira de Cónegos, em Braga e agora em Paços de Ferreira.

Os golos aparecem aos pares

Ao minuto 58, já sem Aimar em campo (muito saudado pelos adeptos), Salvio bateu Antunes e cruzou rasteiro para finalização de Lima à boca da baliza.

O Paços não mais se ergueu. Esperava por um lampejo de Vítor mas este mostrou-se claramente abalado pelo propalado interesse encarnado no seu concurso. Após sucessão de passes errados e críticas dos associados locais, perdeu a cabeça e entrou fora de tempo sobre Gaitán. Vermelho direito, Benfica em vantagem numérica a vinte minutos do final.

Rodrigo e Ola John, vindos do banco, construíram o segundo golo, assinado pelo holandês.

O Jamor ficou mais perto para a equipa de Jorge Jesus. Vantagem segura no reduto do adversário, na terceira viagem consecutiva a norte. Ida e volta com histórias felizes para contar. Se ainda se recordar deste jogo a 17 de abril, data da segunda mão, é sinal que a sua memória está em bom estado.