Maryna Kyryk e Sergiy Kurochkin, atletas ucranianos na Taça da Europa de triatlo, que decorre na Quarteira, vão disputar a prova apesar do «choque» causado pela invasão da Rússia à Ucrânia.

«Estou de alma e coração com o meu país. Como atleta, estou preparada para mostrar o melhor possível. Queremos mostrar que o desporto continua e que, mesmo em situação de guerra, a Ucrânia funciona, existe, é um país independente e que deve e vai seguir em frente», afirmou Maryna, citada pela Lusa.

«Foi a minha irmã, que está em Brovary, perto de Kiev, que me ligou às cinco da manhã, no dia 24 [de fevereiro], a dizer que as bombas tinham começado a cair. Foi assim que soube. Foi um choque, sentimos todos um grande choque», recordou, ela que estava na Turquia nesse momento e que agora tens amigos, também atletas profissionais, a «combater o inimigo na linha da frente».

Sergiy Kurochkin também estava a estagiar na Turquia quando se deu o início da guerra, e agora diz que vai «tentar pôr os sentimentos de lado» para a competição agendada para sábado.

«Após um mês de bombardeamentos, eles já quase aceitaram a situação como normal. As sirenes estão sempre a tocar, mísseis a cair. Para já, ninguém da minha família quer sair. Queremos defender a nossa terra. Só se a situação piorar, ou ficar impossível de viver, como acontece em Mariupol, é que poderão sair. A minha mãe nasceu em Volnovakha. É uma cidade que, simplesmente, já não existe», revelou, emocionado.

«No dia 24 de fevereiro, estava a treinar na Turquia, integrado num estágio com mais atletas ucranianos. Era um dia normal e, quando recebemos as notícias da invasão, não queríamos acreditar. Tem sido um pesadelo. Com o passar dos dias, e tudo a piorar, ninguém quer acreditar no que se está a passar. Parece um filme», prosseguiu.

A terminar, Maryna Kyryk agradeceu a ajuda das federações portuguesa e internacional: «Tivemos imensa ajuda da federação portuguesa e da federação internacional para estar aqui. Estamos surpreendidos com o apoio e a solidariedade enorme que o mundo tem demonstrado, estou muito grata que o mundo acredite na Ucrânia e não na Rússia. É um apoio muito importante para nós.»