No fundo da classificação, o V. Guimarães procurava a primeira vitória na Liga portuguesa, mas era preciso pensar antes de procurar o ataque desenfreado frente a um Beira Mar certinho a defender, contrariado os avançados brancos.

Na semana em que Manuel Machado deixou o comando da equipa, os vitorianos dispuseram de uma grande variedade de possíveis lances de ataque, mas não eram eficazes.

Logo à primeira vista, a baliza de Rui Rego estava bem protegida, antes de cumprir o plano do contra-ataque irrequieto. Por vezes completamente endiabrado. O treinador dava ordens para dentro do relvado, a resposta seria imediata, de modo a deixar a equipa mais próxima de Nilson.

Porém, o perigo era relativo. E, apesar disso, Nildo e Artur como médios interiores tinham ordem para acelerar de modo diferente dos restantes companheiros. Cristiano, superior em qualidade técnica, completava o «puzzle» desmedidamente forte para a defensiva do V. Guimarães.

FICHA DE JOGO E NOTAS

A atenção defensiva dos brancos estava a diminuir e a avalancha que circundava a baliza de Nilson aumentava. Em todo o caso, o Beira Mar procurava dificultar ao máximo a tarefa dos avançados contrários e marcou: Artur cruzou um livre no flanco esquerdo e a bola surpreendeu Nilson, perante o acumulado de jogadores dentro da área (0-1, 24 minutos).

As bancadas impacientavam-se. A cada lance perdido no ataque seria secundado com um declarado rezingo do público, inquieto, quase consternado, assobiava a equipa, sem duvidar de si ou do apoio aos seus homens que no campo lutavam sem reservas, apesar de doses industriais de cruzamentos e ataques subaproveitados.

E, mesmo assim, a equipa continuava a arriscar a sua sorte e a temer as bancadas. A crise de golos prosseguia e assistiu-se a mais um acto de incapacidade do V. Guimarães. Targino pedia o apoio da massa associativa e N¿Diaye falhava a emenda por um triz ao segundo poste.

ESTATÍSTICAS DE JOGO

Mas o V. Guimarães lutava por um golo, o novo treinador ansiava-o. O Beira Mar continuava sem errar, mas negava-se a deixar de aplicar o contra-ataque. O relógio avançava. Faltava sobriedade para ultrapassar Hugo, Yohan Tavares, Joaozinho, Pedro Moreira e e, por fim, bater Rui Rego, seguro na sua posição.

O V. Guimarães começou a sentir o desgaste da partida europeia e o resultado negativo no marcador. Os caminhos fechados para o golo prosseguiam, a cápsula defensiva dos amarelos continuava bastante rígida. Apesar da multiplicação imparável de ataques faltava coroar com êxito o ascendente no relvado. Testemunhos da falta de eficácia.

Com o 0-1 a persistir, o Beira Mar podia considerar, com pretensões no contra-ataque, um bom resultado. Mas havia de fazer mais estragos. Cristiano, felino, aproveitou da melhor forma um desentendimento entre Anderson e Nilson para rematar para a baliza deserta (0-2). Sentenciou o encontro, isso pelo menos era certo, garantido. Pelo meio, Anderson seria pouco depois expulso por acumulação de amarelos.

Cristiano, a Figura

A capacidade do V. Guimarães era miserável. Costas viradas para o golo, um ataque desajeitado, sem profundidade no último terço do campo, não criando nada de relevante, apesar das entradas de Barrientos e Soudani (um remate perigoso). Os acessos à baliza de Rui Rego pareciam impenetráveis.



Mas o maior momento de brilhantismo estava guardado para o fim: Nildo fez «gato-sapato» de Tony, sentou Nilson e fez o 0-3. Grande golo, comemorado efusivamente. Muita classe do camisola 16.

Respira-se mal no Castelo. O Beira Mar fechou-se impecavelmente, resistia e somou uma vitória histórica na Cidade Berço.