Noite gélida no D.Afonso Henriques, que nem sequer chegou a esboçar um aquecimento com o encontro entre V.Guimarães e Belenenses. Dois históricos do futebol português em confronto, mas que não quiseram por em campo esse seu estatuto.

O nulo no marcador é a imagem mais fiel do que as duas equipas produziram no encontro da décima segunda ronda do campeonato. O V.Guimarães sabia de antemão que já não podia alcançar o Estoril nos lugares de acesso à Liga Europa, mas ainda assim podia ultrapassar à condição o Gil Vicente. Por seu turno, o Belenenses entrou em campo sabendo que ao sabor da jornada poderia até cair para a linha de água.

A juntar a isto há ainda o facto de jogar-se o jogo dois mil do V.Guimarães no principal escalão do futebol português. Não foram ingredientes suficientes para que se engrenasse num jogo recheado de espectáculo.

Ninguém para desencaixar a tática

O primeiro tempo esteve muito distante daquilo que os pergaminhos dos dois clubes apregoam no futebol português. Ainda sem ganhar fora de portas, o Belenenses viajou até Guimarães com o fato de macaco vestido e com operários bem instruídos bloqueando por completo qualquer esboço atacante da equipa da casa.

Mérito para a equipa de Belém, que controlou as operações no primeiro tempo e ainda importunou o V.Guimarães através do possante Diawara ia fazendo as temperaturas descer ainda mais no D. Afonso Henriques.

À teia bem montada pelo Belenenses o V.Guimarães respondia com timidez e sem argumentos para pegar na batuta e dar um ritmo mais elevado ao encontro. Das bancadas pouco preenchidas do D.Afonso Henriques ressoavam assobios e clamações de maior velocidade aos seus jogadores.

Sem armas secretas para ligar a ignição

Se o primeiro tempo ficou aquém daquilo que se poderia esperar, o segundo não foi melhor. Quase que num pacto acordado entre ambas as equipas, foi estabelecida ao V.Guimarães a iniciativa de jogo, o Belenenses sentiu-se bem nesse papel e via de forma tranquila a equipa da casa mostrar uma falta de ideias gritante, sem ninguém capaz de dar um pontapé na tática.

Esperavam-se armas secretas para ligar a ignição. Logo no início do segundo tempo Marco Paulo substituiu o homem da frente, trocando o maçador Diawara pela velocidade de Storegon. Tentava apostar na rapidez do seu ataque a equipa de Belém enquanto que Rui Vitória trocou o médio defensivo Olímpio por Russi, passando a jogar com dois pontas de lança.

Os motores não chegaram a aquecer no D. Afonso Henriques, V.Guimarães e Belenenses acabam por dividir pontos na décima segunda jornada do campeonato. O estatuto dos dois clubes no futebol português merecia outro espetáculo.