O Berço embala Jesus e alimenta o sonho do título. No mesmo terreno onde iniciaria a queda livre da época passada, o técnico conseguiu desta vez golear (0-4) e aumentar a vantagem para o segundo classificado. Quatro golos, quatro pontos para o F.C. Porto.

Óscar Cardozo, na cobrança de um castigo máximo, inaugurou o marcador a caminho do intervalo. No reatamento, a expulsão de Kanu e golo de Garay, ele que recuperou de lesão e regressou ao onze, ao contrário de Luisão. Salvio e Rodrigo fecharam as contas.

Pontos importantes perante a histórica dificuldade dos encarnados em Guimarães. Desta vez, o Vitória foi traído pela sua juventude, perdendo o quinto lugar. Jogo marcado pelos sucessivos petardos dos adeptos locais, colocando até o espectáculo em causa. Vergonhoso.

Um empate para moralizar

Artur Moraes aquecia no relvado do D. Afonso Henriques enquanto o F.C. Porto corria contra o tempo na Madeira. Os jogadores de campo do Benfica permaneciam nos balneários, talvez à espera desse apito final. Deu empate.

Cerca de cinco mil adeptos do Benfica em festa nas bancadas, ainda antes do apito inicial. Oportunidade de ouro para os encarnados, com uma vantagem de quatro pontos à distância de um triunfo.

O V. Guimarães, alheio a tudo isto, encarava o jogo com a tranquilidade possível, sabendo que o quinto lugar é um sonho guardado e o Estoril vencera durante a tarde, reclamando a posição. Rui Vitória pretendia apenas uma equipa digna, jovens com nervo e determinação.

Riscos no processo defensivo

A ousadia vitoriana comportava riscos. Desde logo, a igualdade numérica no processo defensivo. Os laterais encostavam nos extremos do Benfica e deixavam os centrais a marcar ao homem. Paulo Oliveira e El Adoua para Lima e Cardozo. Sem apoio.

O talento a ditar leis em duelos individuais. Nesse capítulo de jogo, natural vantagem para os visitantes.

Assis, que substituiu o castigado Douglas, apareceu desde cedo em jogo para dobrar companheiros, arriscando cortes fora da área, ora com a cabeça, ora com os pés.

Lima a abrir caminho

Do outro lado, assente nessa estratégia ambiciosa, o Vitória conseguia provocar alguns embaraços a Artur Moraes. Tiago Rodrigues obrigou mesmo o guarda-redes encarnado a defesa apertada, na cobrança de um livre.

Ainda assim, sinal mais para o Benfica. Jardel (manteve o lugar, já que Garay recuperou mas Luisão não) falhou uma oportunidade escandalosa, num início de encontro frenético, mas os espaços apareciam com uma regularidade impressionante, lançando a previsão de golos.

Já a caminho do intervalo, o Vitória pagou pelo risco. Lima foi mais veloz que Paulo Oliveira e El Adoua, tirando a bola do caminho de Assis e sofrendo a carga do marroquino. Castigo máximo que Cardozo não desperdiçou.

Sinal vermelho

O Benfica regressava aos balneários em vantagem, sabendo que a iniciativa de jogo passaria agora para um adversário onde a juventude condicionava alguns movimentos. Cenário atraente para Jesus.

Abre-se um capítulo para condenar os excessos dos adeptos. Sobretudo, os petardos lançados pela claque do Vitória na altura do penalty, ferindo até um apanha-bolas da equipa da casa. Mais tarde, novo foco de problemas, com Artur Moraes a queixar-se e o jogo a ser interrompido, ficando mesmo em risco. Lamentável.

Regressou o futebol com a etapa complementar, apresentando rapidamente um par de capítulos decisivos. Kanu foi expulso por acumulação de amarelos (tocou na bola e logo depois em Melgarejo). Seguiu o jogo e segundo golo para o Benfica, com o recuperado Garay a fazer o chapéu ao hesitante Assis, após cruzamento na esquerda.



Com uma hora de jogo, questão resolvida. Jesus reconquistara o Berço. Triunfo do talento e da experiência perante uma juventude traída pela ansiedade. Salvio e Rodrigo garantiriam a goleada na reta final, F.C. Porto a quatro pontos.