O guarda-redes André Moretto (20 anos) e os médios Sandro Vicente (20) e Russiano (22) estão há uma semana afastados dos trabalhos da equipa principal do Vitória de Setúbal. Os dois primeiros são oriundos da extinta equipa B, enquanto o segundo já se encontrava a trabalhar com os seniores.
Todos têm mais um ano de contrato (Moretto tem dois), o Sindicato fala em pressão psicológica, já contactou o clube nesse sentido, mas o Vitória alega que não passa de trabalho específico recomendado pela equipa técnica, liderada por Carlos Carvalhal.

«É verdade que o V. Setúbal afastou estes três jogadores. Um comportamento ilegal na medida em que não pode discriminar desportivamente os visados. O clube foi interpelado pelo Sindicato para reintegrar os jogadores ao que veio dizer que o afastamento se devia a razões técnicas. Trata-se, obviamente, de um argumento sem fundamento legal e, por isso, o Sindicato já deu um prazo ao V. Setúbal para proceder à reintegração dos atletas sob pena de rescisão de contrato com justa causa», defendeu o presidente do Sindicato de Jogadores, Joaquim Evangelista.
Para o dirigente tudo não passa de uma manobra, com o intuito de desgastar psicologicamente os atletas para levar à sua saída de Setúbal. «É uma forma de pressão psicológica, abusiva e ilegal, que visa dispensá-los para abrir espaço à inscrição de novos jogadores. Lamento que os dirigentes e treinadores não tenham a frontalidade de justificar aos jogadores essas opções. Esta situação é especialmente grave, porque são medidas tomadas no final do período de inscrições, quando os clubes praticamente têm os seus plantéis fechados limitando as oportunidades de trabalho destes jogadores», explicou.
O presidente da Comissão Administrativa do Vitória, Carlos Costa, disse não ter «comentários a fazer», delegando quaisquer explicações no responsável pelo futebol, Ronald Inácio. Este refutou as acusações do Sindicato de Jogadores, esclarecendo que os atletas cumprem apenas um programa específico de trabalho sugerido pela equipa técnica, liderada por Carlos Carvalhal.
«O Sindicato tem de resolver os problemas laborais dos jogadores. Questões técnicas dizem apenas respeito aos clubes. Os jogadores fazem treino específico, devidamente documentado, a pedido da equipa técnica. Não há aqui nenhuma discriminação», justificou.
Sobre a eventual intenção do clube sadino de querer rescindir contrato com Moretto, Sandro e Russiano, Ronald Inácio respondeu que «isso são assuntos do foro interno do Vitória».