A viver em Londres, em plena liberdade, João Vale e Azevedo lembrou numa entrevista à Agência Lusa o processo que conduziu à contratação de José Mourinho para treinador do Benfica.

O ex-presidente dos encarnados confessou nesta conversa ter ficado «fascinado» pela personalidade do atual treinador do Real Madrid.

«Tive um jantar com Mourinho, em Barcelona, aquando de um jogo de futebol do ¿Dream Team¿ [designação da equipa do FC Barcelona na altura] com uma equipa do resto do Mundo. Fiquei fascinado com ele, achei que tinha uma personalidade interessantíssima», recordou Vale e Azevedo.

O antigo dirigente encontrou, de resto, uma enorme sintonia no pensamento de Mourinho. «É uma pessoa muito direta, que diz o que pensa, que não tem 'meias-tintas. Tem muito a ver comigo. É uma pessoa muito independente, que pensa pela sua cabeça e eu sou assim. E, por isso, entendemo-nos muito bem».



Para Mourinho entrar, Jupp Heynckes teve de sair. O alemão apresentaria mesmo a demissão ao cabo de quatro jornadas realizadas no campeonato nacional.

«Jupp Heynches demitiu-se por razões que não interessa referir, mas fiquei bastante satisfeito. E, imediatamente, falei com José Mourinho e ele veio a minha casa e foi contratado logo para treinador principal do Benfica», contou o homem que presidiu ao Benfica entre 03 de novembro de 1997 e 31 de outubro de 2000.

O orgulho por ter sido o primeiro dirigente a apostar em Mourinho é ainda evidente.

«A escolha não foi compreendida e toda a gente se demitiu. Fui muito criticado pela imprensa portuguesa, chamaram-me todos os nomes. Diziam que o grande treinador para o Benfica era o Toni e nunca José Mourinho. Foi um escândalo ter escolhido Mourinho e não Toni».

Vale e Azevedo haveria de perder as eleições em outubro de 2000 para Manuel Vilarinho. José Mourinho aguentou apenas nove jogos no comando técnico da equipa. Se ambos tivessem continuado, refere Vale e Azevedo, o Benfica já teria sido novamente campeão da Europa.

«O Benfica seria um clube diferente do que é hoje, um clube sul-americano».

João Vale e Azevedo está em Londres desde julho de 2004. Tem o passaporte retido e um processo de extradição para Portugal pendente.