Os velejadores portugueses Álvaro Marinho e Miguel Nunes regressaram esta sexta-feira a Portugal como vice-campeões mundiais em 470, depois de uma cansativa viagem Melbourne-Sydney-Banguecoque-Londres-Lisboa, em nada comparável com o trabalho que culminou na medalha de prata conquistada no Campeonato do Mundo de Vela. A magra diferença de 0,9 pontos separou a dupla do primeiro lugar, ocupado pelos ingleses Nic Asher e Elliot Willis, que não realizaram o mesmo número de regatas. Coisas da Vela, explicaram os medalhados acabados de chegar, mas já prontos para partir para Pequim.
«Ser vice-campeão do Mundo deixa um sabor um bocadinho amargo, pois perdemos por muito pouco, ainda por cima para uma dupla que não fez todas as regatas da final. Mas temos de estar contentes. 0.9 talvez seja a menor diferença de sempre. É mesmo assim. Demos o nosso melhor, faltou-nos um minuto para alcançar o segundo lugar na última regata que nos daria o título, mas foi um óptimo resultado», analisou o skipper Álvaro Marinho.
Mas apesar de terem sido os ingleses a receber ouro, foram os portugueses os mais felicitados. Uma vitória moral que, ainda assim, não altera a prata. «Felizmente, a reparação dos ingleses [chocaram com os australianos, falharam as 7ª, 8ª e 9ª regatas da fase final, e os pontos que faltavam foram atribuídos por média] não passou ao lado. Disseram-nos que nós é que éramos os campeões¿ Mas não me sinto campeão, sinto-me vice-campeão, algo que já ambicionávamos há muito tempo. Somos campeões da Europa em título e com esta medalha acrescentamos mais um óptimo resultado ao nosso currículo», considerou.
5º em Sydney, 7º em Atenas, pódio em Pequim
Álvaro Marinho e Miguel Nunes vão, agora, «trabalhar no sentido de fazer parte do leque de países que podem chegar às medalhas». «Queremos chegar a Pequim mais fortes, de maneira a que a medalha seja um objectivo mais realista que nas outras Olimpíadas», perspectivou Álvaro Marinho.
Miguel Nunes, o menos amargurado pela prata que tão perto esteve de ser ouro, está igualmente determinado a conseguir em Pequim, o que escapou em Atenas e Sydney. «[Esta medalha no campeonato do mundo] dá o mote para os Jogos Olímpicos, mas não só. Tudo o que temos feito tem sido com o objectivo de chegar a Pequim e lutar por uma medalha. Mas como nós estão pelo menos mais 15 países com possibilidades reais de o conseguir, sem falar nos que não estamos à espera, como aconteceu em Atenas. Por isso, temos de contar com o trabalho dos outros, mas vamos trabalhar por nós, fazer a época que achamos que nos vai preparar melhor para Pequim e esperar que corra tudo como aqui ou melhor», desejou.
Depois de 11 anos de trabalho conjunto e de duas Olimpíadas bem conseguidas, ainda que sem direito a pódio, a experiência acumulada poderá, finalmente, reverter numa medalha.
«Estamos mais preparados, mas se isso, depois, vai traduzir-se num resultado, ainda não sabemos. Mas penso que até agora, com o vento fraco que sabemos que vamos apanhar [em Pequim], estamos muito melhor que há uns tempos, quando o vento fraco seria a nossa pior condição, e hoje em dia é uma das melhores. Isso dá-nos muito mais confiança para podermos lutar por um bom resultado», defendeu o velejador.
Entre o extenso calendário de provas que decorrerá até à realização dos Jogos, destaque para a derradeira preparação para Pequim, com um período de treinos a decorrer na China, entre 25 de Junho e 15 de Julho, de preferência com o contributo de outra dupla candidata, a francesa, uma das mais fortes em condições de vento fraco.