Thierry Correia, jogador português do Valencia, concedeu uma entrevista ao jornal Marca na qual abordou diversos temas, como as lesões que o afetaram e o interesse do Marselha em contratá-lo. No entanto, o tema mais quente acabou por ser o episódio de racismo com Vinicius Jr durante o Valencia-Real Madrid da última época, realizado no Mestalla.

«No final do jogo, quis falar com o Vinicius, porque queria saber o que se tinha passado. Aconteceu-me quando era miúdo e sei o que é sofrer racismo. Mas o que fizeram depois do jogo, dizer que o Mestalla é racista, não é verdade», garantiu.

«Estou em Valência há cinco anos e nunca fui vítima de racismo. Claro que há três ou quatro idiotas que podem ter feito isso, mas não se pode dizer que Mestalla é racista.»

Quando questionado se já havia enfrentado episódios racistas em outros estádios da Liga Espanhola, Thierry Correia garantiu que «não».

«Aqui em Espanha nunca passei por isso. Se aconteceu, estou mais focado em jogar do que em olhar para a bancada para ver o que estão a dizer. Em Portugal, sim, aconteceu quando era mais novo. Tinha 14 anos. Foi com um jogador que era meu amigo. Passados cinco minutos, depois de uma jogada, ele disse uma coisa sobre a minha cor de que eu não gostei e tive de sair do jogo porque isso mexeu comigo», lembrou.

«O árbitro falou com o meu treinador e teve de me retirar do jogo. Por isso, quando aconteceu o que aconteceu com o Diakhaby e o que ele disse que o Cala [n.d.r. jogador do Cádiz que em 2021 insultou o guineense] lhe disse, eu também não queria voltar a jogar. Mas o Gonçalo [Guedes] convenceu-me: Mano, tens de voltar porque precisamos de ti. Já perdemos o Diakha e não podemos perder-te a ti.»

Sobre as supostas atitudes provocadoras de Vinicius em campo, o português afirmou que todos os jogadores provocam um pouco e que o brasileiro pode provocar um pouco mais por ser um jogador de enorme qualidade.

«Todos os jogadores provocam um pouco, o Vinicius pode provocar um pouco mais porque naquele momento é o centro das atenções de toda a gente, porque é um jogador muito bom. Mas o que ele faz não pode ser usado como desculpa para as pessoas lhe dirigirem insultos racistas», frisou.

«O que ele fez não é correto porque tem de respeitar o adversário. Desde tenra idade que nos ensinam a respeitar os nossos adversários. E com os gestos que estava a fazer, não estava a respeitar o Valência, que é um clube muito, muito grande. Mas isso não pode ser usado como desculpa para comentários racistas.»