Vitor Oliveira atravessa um momento alto da sua carreira mas só tem em carteira convites para treinar no Médio Oriente. Foi isto que anunciou na entrevista ao Maisfutebol e ao Rádio Clube Português. No decorrer da conversa, o técnico deixou muitos elogios ao «injustiçado» Jesualdo Ferreira.
Ter um presidente que só começou a ver futebol ao vivo em 2004 foi também um factor que tranquilizou o seu trabalho?
O senhor Carlos Oliveira foi a chave de toda a nossa época. É o presidente que qualquer treinador gostaria de ter. Deu-nos todas as condições que necessitávamos. Esteve permanentemente connosco e foi sempre uma pessoa equilibrada. Provou que há lugar no futebol para os bons gestores. E os bons gestores não precisam de ser pretensos treinadores de futebol. Temos casos em que os presidentes querem ser técnicos e isso conduz a situações desagradáveis. O presidente do F.C. Porto e do Sporting, por exemplo, são duas pessoas que também têm sabido respeitar os treinadores que escolheram.
Já sabe por onde passará o seu futuro profissional?
De Portugal não tive qualquer convite. Apenas do estrangeiro. Cá o mercado está fechado. Ou acerto tudo para ir para fora, ou terei que esperar.
Tem vontade de ir para fora ou é algo que não o agrada por aí além?
Agrada. Primeiro porque tenho de trabalhar e depois porque o aspecto financeiro não pode ser descurado. Tenho também a curiosidade de ver coisas diferentes, mesmo em termos sociais. Não teria qualquer problema em emigrar.
E de onde têm surgido esses convites?
Apenas do Médio Oriente.
E por cá não há ambição de treinar na primeira Liga?
Há sempre essa ambição e desejo, porque eu adoro futebol. Mas por filosofia de vida e personalidade sou incapaz de dar um passo para me aproximar de algum clube.
Como se define enquanto treinador?
É muito fácil catalogar e acho que o futebol português passou por dois períodos complicados em função desses rótulos. O primeiro após os dois títulos mundiais de sub-20, alcançados pelo Carlos Queiroz. Nessa altura houve uma tentativa de invasão dos professores de educação física. Uma tentativa condenada ao insucesso, como se viu, pois era previsível que ser treinador de futebol não é só ter conhecimentos teóricos e universitários, por muito bem alicerçados que eles sejam. O oposto também é verdadeiro. A prática, por si só, não chega. Temos que investigar e procurar novas informações. O segundo, após o espoletar do fenómeno José Mourinho. Nessa fase, muita gente se colocou a coberto dele para vingar no futebol. Mas o futebol vai liquidando essas pessoas.
O Jesualdo Ferreira foi pela primeira vez campeão nacional aos 60 anos. Sonha ainda alcançar o mesmo?
Sonho, claro. Mas teria que ser, quase obrigatoriamente, treinador de um dos três grandes. Não é fácil, mas há três/quatro anos o Jesualdo também não esperaria ser campeão nacional. Envio-lhe daqui um forte abraço, até porque não foi devidamente reconhecido. Deu sempre o peito às balas e não lhe foi feita justiça, antes pelo contrário.
Em que lugar se coloca no ranking dos treinadores nacionais?
Há cinco treinadores que estão no topo. Jesualdo Ferreira, Manuel José, Artur Jorge, Carlos Queiroz e José Mourinho. Esses estarão em cima e depois aparecem mais dez ou doze nos quais eu me incluo.