No final do empate a zero em Guimarães, Vitor Oliveira teve a certeza que o Leixões não iria deixar de subir de divisão. Na entrevista concedida ao Maisfutebol e ao Rádio Clube Português, o ex-treinador dos matosinhenses confidenciou ainda ter ficado surpreendido com a ascensão dos minhotos, pois esperava que fosse o Rio Ave a chegar à Liga Bwin.
Quando é que teve a certeza que o Leixões iria subir?
A seguir ao jogo de Guimarães, onde empatámos a zero. Esse foi um jogo-chave. Se perdêssemos tudo ficaria mais difícil, mas o nulo favoreceu-nos e mantivemos os três pontos de vantagem que tínhamos. Depois disso compreendemos que só um grande acidente nos iria afastar da subida. Acidente que veio a afectar o Rio Ave, aliás. Após o empate em Guimarães pensei que seriam o Rio Ave e o Leixões a subir.
O que é que falhou no Rio Ave?
Numa análise superficial, pela rama, parece-me que o Rio Ave acreditou deasiado cedo que já tinha subido. Não encarou com a seriedade e o rigor devidos o jogo com o Portimonense e na semana seguinte foi a Guimarães. Aí, a derrota por 3-0 arrasou a anímica da equipa. O Rio Ave perdeu a confiança que vinha a alardear nas 17 semanas que esteve sem perder e a jogar o melhor futebol da Liga Vitalis. Para além disso, os ciclos de triunfos do Leixões e do Vitória de Guimarães mexeram muito com eles e passámos a ver uma formação excessivamente nervosa e com muitos erros defensivos.
O Leixões tinha um eixo-central de grande valia. Beto, Elvis, Jorge Duarte e Roberto. Foi aí que residiu grande parte do sucesso da sua equipa?
É injusto e redutor dizer isso. Além do Nuno Silva e do Elvis, como centrais tínhamos ainda o Joel e o Cleuber. E quando estes jogavam a equipa não se ressentia. Tínhamos um médio de cobertura, o Jorge Duarte, que fez uma temporada fantástica e o Roberto na frente, um jogador perigosíssimo. Os restantes completavam na perfeição este núcleo central. O Jorge Gonçalves, o Hugo Morais, o Nuno Amaro, o Bruno China¿ tivemos um conjunto forte, acima de tudo, sem termos o melhor plantel.
A opção de contratar apenas um jogador no mercado de Inverno, o Nandinho, acabou por funcionar a favor da sua equipa?
Só fomos buscar um jogador nesse período pelo cuidado com que nos envolvemos nas nossas escolhas durante a fase inicial da época. E porquê o Nandinho? Tínhamos o Pedro Moita que se lesionou e o Xavier, que esteve muito tempo suspenso. Estávamos condicionados nas alas. E era importante porque o Roberto precisava desse apoio. O Nandinho já tinha sido meu jogador, possui grande qualidade mas foi uma aposta que não resultou. Não se conseguiu adaptar ao nosso futebol, ao treino e ao ambiente que rodeia o Leixões. Mas acredito que, pela qualidade que tem, vai ser beneficiado na primeira Liga.
Qual foi o seu pior momento neste ano e meio ao serviço do Leixões?
Foi na época passada, num jogo com o Estoril, quando falhámos uma grande penalidade no último minuto. Esse falhanço terá custado a subida de divisão. Este ano sabíamos que iriam haver quatro/cinco equipas com mais qualidade do que nós. Refiro-me às equipas que desceram (Guimarães, Rio Ave, Gil Vicente e Penafiel), e ao Santa Clara. Só depois vinham o Leixões, o Feirense e o Varzim. Começámos bem, vimos que o Penafiel não tinha qualidade para subir e que o Gil iria ser prejudicado pelos pontos perdidos na secretaria. Aí começámos a acreditar que seria possível. Chegámos ao primeiro lugar na 15ª jornada e nunca mais saímos das posições de subida.