Será preciso recuar até 1987/88, época em que o Guimarães terminou em 14º lugar, ou 1954/55, quando o último lugar lhe rendeu a descida de divisão, para se detectar comportamento comparável ao deste campeonato. Este ano, para lá dos mais suaves exercícios de memória, o Guimarães mantém-se, perigosamente, entre os últimos, demasiado próximo do abismo. Dista somente um ponto do Campomaiorense, primeiro clube abaixo da linha de permanência, tendo a derrota frente ao União de Leiria acentuado o susto que já parecia estar afastado.  

Mas era mera ilusão de óptica. O autogolo de Paulão, a poucos minutos do final do encontro, carimbou mais uma derrota. O Guimarães voltou a ser o retrato fiel de uma equipa temerária, pouco habituada a lutar pela permanência, com níveis de nervosismo e precipitação extremamente elevados. Já não vence em casa há cinco meses. Torna-se paradigmática a questão, quando se pensava que o Estádio D. Afonso Henriques não era, no mínimo, fácil para qualquer equipa visitante. Curiosamente, os vimaranenses completam agora uma das suas piores sequências de sempre, ao perfazerem uma volta sem qualquer triunfo caseiro. A última vitória do Guimarães ocorreu no início de Novembro do ano passado... 

Está época, perante uma massa associativa exigente e fervorosa, o Guimarães só logrou triunfar por duas vezes: frente ao Gil Vicente (1-0), então de Álvaro Magalhães, e ao Estrela da Amadora (4-0), no jogo que assinalou a estreia de Carlos Brito no comando técnico dos tricolores. Curiosamente, o próximo adversário dos minhotos. Fora de portas, há mais três vitórias a registar: em Alverca, em Campomaior e nas Aves). 

Autuori foi o último a ganhar em casa 

O Guimarães tem feito pouco para uma equipa que, no início da época, «por um exagero de linguagem», conforme Pimenta Machado já sustentou, assumiu que lutaria pelos lugares cimeiros da classificação. Entretanto, três técnicos já passaram pelo clube. Os dois primeiros com resultados discretos. Paulo Autuori, técnico brasileiro de crétidos reconhecidos, ainda conquistaria por duas vezes os três pontos perante os seus associados, enquanto Álvaro Magalhães, nunca conheceu o triunfo em casa. 

Augusto Inácio foi, entretanto, contratado e, ao fim de quatro jornadas, ainda não conseguiu vencer no seu reduto. Só fora, nas Aves, quando da sua estreia.

No Estádio D. Afonso Henriques obteve um empate (2-2) frente ao F.C.Porto, onde por tradição, o Guimarães costuma realizar excelentes exibições, e uma derrota frente ao União de Leiria. 

Agora, nas oito jornadas que faltam disputar, o Guimarães terá de andar de olho no Campomaiorense, adversário directo nesta trama. Um opositor que ainda terá de visitar o Estádio D. Afonso Henriques a três jornadas do final do campeonato. De resto, Boavista (casa), Benfica (fora), Belenenses (casa), Paços de Ferreira (fora), Marítimo (fora) e Farense (casa) completam o que falta jogar. Nesta altura, o Guimarães tem vantagem sobre o Aves e o Campomaiorense nos confrontos directos, mas a aflição persiste e ameaça perdurar.