Depois da boa réplica deixada há uma semana na receção ao Sporting, os adeptos do Vitória compareceram em bom número no Bonfim para o jogo que podia carimbar a permanência sadina entre os grandes do futebol português.

Mas ainda não foi desta que em terras de choco frito houve fumo branco para se soltarem os foguetes e os homens de Bruno Ribeiro bem podem queixar-se da entrada amorfa na segunda parte, altura em que permitiram que a equipa da linha desse a volta à narrativa.

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Ainda que sem apresentar um caudal ofensivo muito acentuado, o Vitória iniciou a partida disposto a comandar as operações. Com mais posse de bola e um meio-campo mais compacto, os sadinos procuravam fazer mossa através da velocidade de Advíncula e Zequinha nas alas, mas sem conseguirem criar perigo. Pólvora seca.

Muito recuados no terreno, os estorilistas praticamente não existiram em termos ofensivos. Uns fogachos aqui e ali, a quinta velocidade de Sebá e um remate cruzado de Kléber aos 20 minutos.

Nós? Um bocejo, um olhar de soslaio. Para a esquerda e para a direita, só para averiguar que ninguém nos estava a ver. E a espreguiçadela da praxe, para (tentar) colmatar a falta de cafeína no corpo e o efeito da fotossíntese.

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Até que o «boost» para mais umas horas de trabalho chegou aos 35 minutos. Suk apareceu ao primeiro poste e deu o melhor seguimento a um canto batido da esquerda por Advíncula.

O intervalo chegou com o Bonfim em festa. Estava tudo alinhado para que a tarde fosse perfeita em Setúbal. Vantagem no marcador frente a um Estoril macio e, a norte, o Gil Vicente acabava de empatar em casa com o Rio Ave, enquanto o Penafiel era derrotado pelo Arouca.

O sonho estava perto de se tornar realidade, mas os jogadores do Vitória meteram folga demasiado cedo e entraram em falso no segundo tempo. Logo a abrir, Kléber cabeceou sem hipóteses para Raeder antes de cair, imóvel, no chão, depois de choque de cabeças com um defesa sadino. Sensação agridoce para a equipa de Fabiano Soares, que via a referência do ataque sair de ambulância para o hospital logo após marcar o golo do empate.

O jogo esteve interrompido mais de cinco minutos e, no início da «terceira parte», sensação de «déjà vu», com o Estoril novamente mais desperto. Tozé lançou Sebá, que se desviou do guarda-redes e, depois, atirou para o segundo dos visitantes.

Depois do desastre, Bruno Ribeiro procurou despertar os jogadores do sono pesado. Lançou Pelkas, depois Yann e apostou todas as fichas ao fazer entrar Rambé para o lugar de Pedro. Queirós. As mexidas empurraram os setubalenses para o setor mais recuado do Estoril, que não se livrou de alguns sustos para segurar a magra vantagem. Aos sadinos faltou, sobretudo, discernimento na finalização.

Ainda não foi desta que em Setúbal se pôde respirar de alívio. A terra firme está próxima, mas ainda não é seguro sair da água pelo próprio pé. O Estoril, depois de nove jogos sem vencer, já vai no segundo triunfo consecutivo.