Witsel e Defour não são só dois talentos formatados no Standard Liège: são duas lendas do clube. A garantia é dada por quem mais o pode fazer: os adeptos. «Lendas de Sclessin», gritava a claque do clube no início de cada jogo. Sclessin é o estádio do Standard e a claque chama-se Tifo Boys.

O Maisfutebol falou com Eddie Jansis, o líder dos adeptos, que confessou grande entusiasmo pelo clássico. «Acontece-me uma coisa que nunca imaginei: às vezes estou a beber um copo com amigos e algum diz-me que tem de ir para casa porque vai dar o jogo do Benfica ou do Porto na televisão.»

«Estou 300 por cento seguro que a liga portuguesa é agora das mais vistas na Bélgica. Sexta-feira vai ser uma loucura, toda a gente quer ver o Porto-Benfica. Na altura em que Witsel e Defour saíram ficamos tristes, mas tanbém orgulhosos, deram um passo em frente e estão em grandes clubes.»

Defour-Witsel: até que o Clássico os separe

A ideia das lendas de Sclessin, de resto, mantém-se. «São lendas e continuarão a ser lendas sempre. Eles cresceram no clube, tornaram-se capitães e levaram-nos para outro nível. Estivemos 25 anos sem ganhar, fartos de ver o Anderlecht festejar e à custa de dois jovens fomos duas vezes campeões.»



Mas não foi só isso: em Witsel e Defour os adeptos do Standard encontraram o reflexo deles próprios. «Eles sempre torceram pelo clube, são adeptos e um dia vão voltar», conta Eddie Jansis. «Quando voltarem, porque tenho a certeza que querem voltar, vai ser uma festa muito grande. Liège vai parar.»

À distância de alguns meses, que já enche de saudades os adeptos, Eddie Jansis lembra dois bons rapazes. «Quando estavam lesionados ou castigados, viam os jogos no meio da claque. Fizeram-nos várias vezes. O Defour até trazia a família, via o jogo connosco e depois confraternizava com os adeptos.»

Quando um se aconselha com outro

O médio do F.C. Porto, de resto, é um caso curioso. «Ele não é de Liège, nasceu na parte holandesa da Bélgica. Mas já torcia pelo Standard antes disso, por isso fez força para vir para aqui. Chegou muito novo, com 18 anos, começou a jogar e tornou-se rapidamente capitão. Era um líder dentro de campo.»

Witsel é diferente, confessa. «Nasceu aqui em Liège, sempre falou francês e cresceu no clube desde os onze anos. Era o melhor jogador do Standard. Impôs-se pelo que joga, pela técnica e qualidade futebolísticas, enquanto o Defour é menos talentoso, mas é mais forte psicologicamente. É um líder.»

Pelo caminho Eddie Jansis garante que para Defour e Witsel o clássico vai ser particularmente especial: é o primeiro jogo grande em Portugal e é a primeira vez que se defrontam. «Não eram os melhores amigos, até porque vêm de partes diferentes da Bélgica, mas eram muito amigos. Tinham boa relação.»

«Até por terem crescido juntos e terem jogado muito tempo ao lado um do outro, havia um entendimento claro entre eles. Eram os capitães e representavam o clube em todas as ocasiões. Por isso jogar agora um contra o outro vai ser especial e que já falaram disso. Nós estamos ansiosos por vê-los», finaliza.

Veja um vídeo da paixão dos adeptos: